Wicca é uma religião neopagã fundamentada nos cultos da fertilidade que se originaram na Europa Antiga.
O bruxo inglês Gerald B. Gardner impulsionou o renascimento do culto, com o nome de Wicca, junto com outros bruxos e bruxas, em meados dos anos 1940 e 1950. Embora essa fundação tenha ocorrido provavelmente na década de 1940, ela só foi revelada publicamente em 1954, quando da época da sanção da última das leis contra a Bruxaria na Inglaterra.
A Wicca é conhecida por ser uma religião não dogmática e não doutrinária.Mas nem por isso deixa de ter alguns principios que a regem.
Desses principios dois se destacam: o Dogma da Arte (ou Conselho Wiccano) e a Lei Tríplice (ou Lei do Retorno Triplo).
A tradição Wicca e seus termos são baseados em diversas culturas do paganismo antigo, modificadas pelo que, segundo Gardner, era uma tradição sobrevivente da bruxaria medieval, mas da qual o conhecimento que temos é obscuro.
Desde seu renascimento, várias tradições da Wicca surgiram, algumas se afastando consideravelmente dos conceitos da década de 50. A tradição que segue os ensinamentos e práticas específicas, conforme estabelecidos por Gardner, é denominada Tradição Gardneriana. Além dela, muitas outras tradições da Wicca se desenvolveram e também existem muitos praticantes que não pertencem a nenhuma tradição estabelecida, mas criam a sua própria forma de culto (ecléticos) aos Antigos Deuses.
Os dados que temos nos mostram que a maioria dos wiccanos dos dias de hoje são solitários, isto é, não participam de um coven (grupo de bruxos). Embora isso não os impeça de se reunirem com outros para realizarem juntos os rituais.
É importante frisar que a Wicca não é uma religião mantida ininterruptamente desde a Antiguidade, ou seja, ela - como toda a natureza - evoluiu e ainda evolui com o passar do tempo. Mas, indubitavelmente, ela tem suas bases fincadas em crenças e rituais antigos (pré-cristãos).
A palavra "Wicca" vem do inglês antigo, tendo sido reintroduzida no uso moderno daquele idioma por Gerald Gardner, na sua publicação de 1954. Embora Gardner utilizasse a grafia "Wica", popularizou-se o uso de "Wicca", mais coerente à etimologia da língua inglesa moderna.
Os primeiros livros sobre Wicca em língua portuguesa foram traduções da língua inglesa, tendo seus tradutores optado por manter a grafia original. Mais tarde, os livros escritos diretamente em Português mantiveram esse uso. No entanto, não há consenso entre autores e tradutores sobre a palavra a ser usada na língua portuguesa para designar o praticante da religião Wicca, sendo utilizadas mais amplamente as formas "wiccano(a)" e "wiccaniano(a)". É também de uso menos comum a forma "wiccan", como no original em inglês, para ambos os sexos.
Embora sejam algumas vezes usadas como sinônimo, Wicca e bruxaria são conceitos diferentes. A confusão se dá porque tanto os praticantes da Wicca quanto os da Bruxaria Tradicional - se denominam Bruxos. Da mesma forma, não devem ser confundidos os termos Wicca e neopaganismo, uma vez que a Wicca é apenas uma das expressões do neopaganismo.
A Wicca é uma religião iniciática e pode ser praticada tanto de forma tradicional quanto de forma solitária. Nas formas tradicionais, os praticantes avançam através dos graus de iniciação da religião e geralmente trabalham em covens (grupos de iniciados que celebram juntos, liderados por uma Alta Sacerdotisa e por um Alto Sacerdote) embora existam Covens em que não se use o sistema de graus. Na forma solitária, os praticantes celebram os rituais sazonais sozinhos ou podem se reunir com outros solitários nestas datas.
Todas as formas de Wicca cultuam A Deusa (Grande Mãe) e o Deus,(Deus Cornífero) variando o grau de importância dado ao culto de cada um deles, pois apesar de existirem tradições que cultuam a Deusa com maior ênfase, o culto aos dois com igual dedicação é um ponto forte e mais presente nas crenças wiccanas devido ao trabalho com o equilíbrio entre os Gêneros Divinos, feminino e masculino.
Esse Casal Divino representa todos os demais deuses das diversas mitologias adoptadas pelos wiccanos. Como algumas tradições wiccanas seguem uma infinidade de Deusas e Deuses, a crença pagã é que todas essas deusas e todos esses deuses são aspectos diferentes da Grande Deusa e do Grande Deus. Daí o ditado da Wicca que diz que "Todas as deusas são uma Deusa e todos os deuses são um Deus. A Deusa Mãe é a geratriz de Todo o Universo e de tudo o que ele contém, daí a frase: Tudo vem da Deusa e tudo para ela retorna.
O DOGMA DA ARTE
O Dogma da Arte é muito simples. Diz somente o seguinte: "Faça o que quiser, desde que não prejudique a nada nem ninguém." Todos são livres para pensar como quiser, sentir como quiser, agir como quiser, se isso não interferir na vida de terceiros. É uma lei baseada na liberdade, na acção e no respeito. O Dogma da Arte é um dogma libertário, ao contrário da visão que normalmente temos da palavra dogma, que é um mandamento restritivo.
A primeira palavra do Dogma da Arte é "faça". Isso mostra que a atitude de um wiccan não deve ser passiva, mas ativa. Na Wicca, não há proibições e pecados. A Wicca também prega que esperemos que alguma entidade superior nos provenha do que necessitamos. Ao contrário, prega que nos esforcemos para conseguir o que queremos. A palavra-chave é "ousar".
Quando dizemos para não prejudicar a nada nem ninguém, isso inclui a si mesmo. Portanto, esse princípio não é uma desculpa para inconsequente, se afundar em drogas dizendo "ninguém tem nada a ver com isso" etc. Não, a primeira pessoa a quem não devemos prejudicar é a nós mesmos.
Infelizmente , muitos dos que abraçam a Wicca como religião não o fazem de coração e sim porque se impressionam com o seu "exotismo" e a ilusão de que com ela terão poder imediato ao praticar a magia. E acabam se esquecendo dos pontos principais da religião, como o Dogma da Arte. Parece até que criam um Pseudo-Dogma da Arte Alternativo: "Faça o que quiser, desde que eu possa me meter na sua vida e te condenar."
Quem quiser agir de uma forma que pareça condenável perante a sociedade que o faça, se achar que deve. Não interferindo na vida dos outros e agindo em honestidade com os seus princípios pessoais, deve-se fazer o que quiser. Na Wicca não se age para agradar a uma Deidade superior, mas para ser honesto consigo mesmo, sem se importar com a opinião alheia.
A honestidade em relação aos princípios pessoais é algo que tem sido pouco falado entre os wiccans em relação ao Dogma da Arte, apesar de ser da maior importância. O que significa "Faça o que quiser"? Isso não é fazer o que dá na telha de uma hora para outra, mas agir conforme os seus verdadeiros desejos, muitas vezes desconhecidos para nós mesmos. A verdade é que poucos de nós realmente possuem um bom auto-conhecimento. Por isso se faz necessário procurar conhecer mais a si mesmo, saber quais são os seus verdadeiros intentos. Caso contrário, só se faz o que a situação exige e passa-se a ser escravo das circunstâncias.
Com certeza não é esse o projeto da Wicca!!! O wiccan deve tentar se conhecer melhor para realmente pode "fazer o que quiser" e não o que as circunstâncias o obrigarem e depois ter a ilusão de que tudo aconteceu porque realmente quis.
Para isso, o método mais importante e mais usado pelos wiccans é a manutenção de um Livro de Sombras. O Livro de Sombras, é um caderno em que o wiccan anota tudo que ele aprende durante a sua jornada (rituais, feitiços, meditações etc), invocações, orações, mitos, poesia e – mais importante – as suas experiências pessoais.
Para o auto-conhecimento, é esse último aspecto do Livro das Sombras que mais importa. Sempre anote tudo o que você experienciar na Wicca. Anote sobre os seus exercícios de meditação, sobre os seus rituais, sonhos, pessoas que você conheceu, factos importantes da sua vida (mesmo que não directamente ligados à Wicca) etc. De tempos em tempos, vá relendo o que você escreveu. Tente procurar um padrão nas suas anotações. Analise-se sempre. Nunca relegue esse exercício. Ele é imprescindível.
Esse é o meio mais importante para o auto-conhecimento, mas há outros auxiliares que você pode querer usar. Um deles é o uso do tarot que pode lhe proporcionar diversos insights úteis, ou algum outro oráculo divinatório, omo por exemplo baralho cigano, runas, I Ching, Varetas, Bola de Cristal, pêndulo, etc. Terapia também é útil. Todos têm problemas a resolver e talvez cada pessoa devesse fazer algum tempo de terapia durante um certo período da vida. Ler sobre mitologia, tentar procurar com quais divindades, heróis e outros seres mitológicos você se identifica também pode ser muito útil. O estudo da mitologia é realmente enriquecedor nesse sentido.
A astrologia também fornece um bom método de auto-conhecimento. Saber as influências dos astros na sua personalidade facilita fazer uma auto-análise a aprender mais sobre os seus desejos internos. Isto faz com que possamos obter um "panorama geral" de nosso ser, e com isto, propicia muitas reformulações apartir daquilo que acreditamos poder ser melhorado.
Enfim, utilize-se de todos os métodos que puder para se conhecer melhor, em especial as anotações constantes (de preferência diárias) no seu Livro das Sombras. Só assim você realmente conseguirá "Fazer o que quiser, desde que não prejudique a nada nem ninguém". Acredite, os benefícios são os maiores possíveis.
Há mais uma confusão a se esclarecer sobre o Dogma da Arte. A sua leitura superficial pode dar a entender que os bruxos, quando prejudicados por terceiros, devem simplesmente aceitar o fato, mostrar a outra face e deixar tudo nas mãos dos Deuses. Não é bem por aí. Quando pessoas nos prejudicam, nós não devemos simplesmente mostrar a outra face. E também não devemos nos vingar. Na Wicca, temos outros métodos para lidar com esse tipo de situação.
O que fazemos é, por exemplo, feitiços de proteção para não sermos prejudicados.
Alguns desses feitiços simplesmente neutralizam a ação dos nossos inimigos. Outros, funcionam de uma forma um pouco mais forte: se a pessoa fizer algo para nos prejudicar, tudo o que fizer não nos atingirá, mas irá refletir na vida dessa pessoa. Com isso, não a atacamos deliberadamente, mas ela receberá o troco se agir contra a gente. Se ela não atacar, nada acontecerá com ela. E assim respeitamos a segunda parte do Dogma da Arte: "desde que não prejudique a nada nem ninguém".
Os wiccans, não acreditam em vingança, mas em justiça. E fazem a justiça acontecer, com o auxílio dos Deuses.
A LEI TRIPLICE
A Lei Tríplice ou Lei de Três, comumente usada na Wicca, é a única lei desta religião, que dita: "Tudo o que fizeres voltará em triplo, para ti", sendo aplicada tanto na própria execução da mesma, quanto nos aspectos gerais da vida. Normalmente, o bruxo praticante da wicca usa esta regra no dia-a-dia, associando-a a um meio de vida.
Um wiccaniano tendo em mente a Lei Tríplice, ou Lei de Três, tem consciência dos seus actos para não praticar algo prejudicial a outra pessoa ou ambiente, pois este sabe que receberá a consequência de seus actos triplicado. A Lei Tríplice é a "lei da magia" mais famosa que existe na comunidade Wicca, pois esta "limita" os praticantes de cometerem actos ilícitos a si e aos outros. Ligada a esta, está a Lei de Ouro: "Faz aos outros o que queres que te façam", lembrando uma menção famosa: "Ame o próximo como ama a ti mesmo"
A Lei Tríplice costuma ser muito mal compreendida. O principal fator dessa má-compreensão é o fato de sermos abençoados ou amaldiçoados triplamente. À princípio, não faz sentido, principalmente se formos comparar com outras religiões e correntes esotéricas, que atestam que todos recebem de volta tudo aquilo que fizeram, na mesma medida. E não há nenhum bom motivo para existir uma lei de retorno especial para bruxos e outra para o resto do mundo.
Acontece que esse aspecto da triplicidade é simbólico. Isso foi tirado da magia celta. Para os celtas, o número três era sagrado. Como uma das maiores influências da Wicca é celta, Gardner, ao fundá-la, utilizou-se da sacralidade do três para compor a Lei Tríplice. Mas essa Lei não deve ser tomada ao pé da letra e, sim, simbolicamente. O retorno para todos os nossos actos, bons ou ruins, é claro que há. Mas não realmente multiplicado por três.
Há mais duas coisas que devem ser comentadas sobre a Lei Tríplice. O primeiro é sobre o conceito de bem e mal. Como foi dito acima, somos recompensados pelos nossos actos bons e amaldiçoados pelos maus. Mas o que é um acto bom e o que é um acto mau?
A Wicca não prega nenhuma regra moral de conduta. Não diz que as pessoas queimarão no Inferno por algum motivo. Não há mandamentos a serem seguidos e que, se não seguirmos, ‘não iremos para o Céu". O Bem e o Mal não são definidos por duas entidades inimigas: Deus e o Diabo. Não há regras tão definidas para definí-los. O que pode parecer bom a alguém pode parecer mal a outra pessoa e quem pode julgar quem está certo? Para a Wicca, é o próprio indivíduo que julga os seus actos (como dito acima, na parte sobre o Dogma da Arte) e não uma divindade superior ou uma hierarquia religiosa (que não existe na Wicca, uma religião com pouca ou nenhuma hierarquia).
Desse modo, não definimos o "mal" por aspectos morais, que não são nunca verdades perenes, mas apenas convenções sociais aceitas pelas massas. Algo ruim é simplesmente o que desrespeita a segunda parte do Dogma da Arte: "desde que não prejudique a nada nem ninguém". O que interferir negativamente na vida de outra pessoa é punido pelo Universo. O que não interferir, não é punido. O que favorecer a vida de terceiros abençoará a vida daquele que fez o fazer. O que não favorecer, não será abençoado. Quaisquer outros actos que não interfiram na vida de ninguém não são sequer julgados, pois não há necessidade. Todos os seres são providos de livre-arbítrio para seus actos, tendo a liberdade de optar pelos caminhos a serem enveredados. Devemos sempre respeitar as opiniões alheias e jamais interferir. Todo conselho dado deve ser mensurado de maneira que não altere o caminho da pessoa. Acreditamos que devemos ser óptimos ouvintes, o que já é uma grande ajuda, mas jamais alterar aquilo que a pessoa deseja fazer.
Portanto, não se deve por causa da Lei Tríplice "temer e obedecer aos Deuses" ou qualquer coisa parecida. Deve-se é assumir a responsabilidade pelos seus actos e as suas conseqüências.
O último ponto a ser esclarecido sobre a Lei Tríplice é o facto de que tudo o que nós fazemos retorna a nós nesta encarnação. Comumente, na Wicca, não se acredita em karmas de vidas passadas. O pensamento é o do aqui se fez, aqui se paga. Uma nova vida é uma nova vida e não se deve nada. Todos nascem já abençoados. O seus actos nesta encarnação é que irão definir o que se receberá em troca e não os actos de outras encarnações.
Entretanto, não são todos os wiccans que concordam com essa afirmação. Há quem acredite que em karmas de vidas passadas e que aqui pagamos (ou recebemos) pelo que fizemos em outras encarnações. Ninguém será condenado se pensar assim. Cada indivíduo é livre para resolver essa questão de acordo com o que pensa, sente, estuda etc. Liberdade de pensamento é, com certeza, um dos ícones da Wicca.
Mas isso não importa. Acredite-se nesse pensamento ou não, uma coisa é certa: não se deve ficar lamentando a sua vida e jogando a culpa em karmas de vidas passadas. O que importa é o presente e o que faremos com ele. E se passamos por dificuldades é para que nos fortaleçamos ao superá-las. Nada no Universo é imposto simplesmente "porque sim".
Ficam aqui esclarecidos, então, dois pontos essenciais da Wicca. Ninguém nunca poderá se dizer wiccan se não viver dentro dos parâmetros do Dogma da Arte e da Lei Tríplice.
Os ritos da Wicca reverenciam a ligação da vida dos praticantes e das divindades com a Terra. Essa reverência se expressa, principalmente, através de rituais cuja liturgia celebra as lunações e as mudanças das estações do ano, através de um antigo calendário agrícola (Roda do Ano). Sem esquecer a crença na reencarnação dentre os bruxos modernos.
Os praticantes da Wicca realizam rituais em honra à Deusa nas noites de Lua Cheia. Esses rituais são normalmente denominados Esbats. Algumas tradições chamam também de Esbbat rituais realizados nas demais fases da Lua.
Esses rituais são celebrações onde se acredita que a Deusa manifesta-se na Suma Sacerdotisa através do ritual de "puxar a lua para baixo", e através dela revela a sua sabedoria. Da mesma forma, existe também o ritual de "puxar o sol para baixo", realizado pelo Sumo Sacerdote. Vale ressaltar que, no caso de um ritual realizado em um coven, apenas a Alta Sacerdotisa e o Alto Sacerdote realizam tal ritual.
O culto à Deusa é vivenciado através das Suas variadas fases:
A Donzela, que representa a pureza feminina, o vigor, a inocência e a sedução (Lua Crescente);
. A Mãe, fonte da vida e protetora (Lua Cheia);
. A Anciã, Velha e Sábia, conhecedora dos maiores mistérios da vida e da morte (Lua Minguante);
. A Iniciadora, seu lado misterioso, sedutor e envolvente (Lua Negra).
O culto ao Deus também é vivenciado através das Suas variadas fases:
Criança da promessa, que representa a esperança, a inocência e o início (cultuado no ritual de Yule – solstício de inverno);
. O Caçador, representando a fertilidade, a força, coragem e proteção (principalmente cultuado no Beltane– ritual do meio da primavera);
. O Grande Pai, seu lado paternal e símbolo do amor entre os o Casal Divino e seus seguidores (em rituais solares).
. O Ancião, Velho e Sábio, O Deus do Oculto, conhecedor dos maiores mistérios da vida, da morte e da reencarnação (principalmente cultuado nos rituais da época do outono, como o Mabon e o Halloween);
Não há espaço em nenhuma tradição que esteja inserida no neopaganismo para o conceito de "Mal Absoluto". Caem por terra, dessa feita, as tentativas por parte de outras religiões de ligarem o paganismo, antigo ou moderno, a entidades como do Diabo da mitologia cristã. Os pagãos não só não seguem essas entidades, como também não acreditam na existência de tais entidades.
A Roda do Ano
Os oito Sabbats, celebrados a cada ano pelos Bruxos se originam nos antigos rituais que celebravam a passagem do ano de acordo com as estações do ano, épocas de colheita e lactação de animais. Os Sabbats, também conhecidos como a "A Roda do Ano", têm sido celebrados sob formas diferentes por quase todas as culturas no mundo. São conhecidos sob vários nomes e aparecem com freqüência na mitologia.
Os quatro Sabbats principais (ou grandes) correspondem ao antigo ano gaélico e são chamados de Imbolc (Candlemas), Beltane,Lammas (Lughnassad) e Samhain. Os quatro menores são Ostara (Equinócio de Primavera), Litha (Solstício de Verão), Mabon (Equinócio do Outono) e Yule (Solstício de Inverno).
Ao contrário da imagem que muitas pessoas têm do Sabbat dos Bruxos, eles não constituem uma ocasião em que as Bruxas se reúnem para realizar orgias, lançar encantamentos ou preparar poções misteriosas. A magia raramente é realizada, se é que isso acontece, num Sabbat de Bruxos. O Sabbat, infelizmente tem sido confundido também com a "Missa Negra" Satânica ou "Sabbat Negro", sendo esse outro conceito errado que muitas pessoas têm e que é decorrente de séculos de propaganda antipagã da Igreja, do medo, da ignorância e da imaginação excessiva dos escritores desde a Idade Média. Uma Missa Negra não é um Sabbat de Bruxos, mas uma prática satânica que parodia o principal ritual do Catolicismo e que inclui supostamente o sacrifício de bebês não batizados, orgias sexuais pervertidas e a recitação de trás para frente do "Pai Nosso".
Nada disso jamais acontece nos Sabbats dos Bruxos. Não há sacrifícios (humano ou animal), não há o que chamam de magia negra, não há rituais anticatólicos. Os Sabbats são apenas datas em que os pagãos celebram a vida e tudo que nela existe, celebram a Natureza, dançam, cantam, deleitam-se com alimentos pagãos e honram as deidades da Religião Antiga (principalmente a Deusa da Fertilidade e Seu Consorte, o Deus). Em certas tradições wiccan's, a Deusa é adorada nos Sabbats de Primavera e do Verão, enquanto o Deus é homenageado nos Sabbats do Outono e do Inverno (visível igualmente na representação dentro do coven).
A celebração de cada Sabbat é uma experiência espiritual intensa e sublime que permite aos wiccanos permanecerem em equilíbrio harmonioso com as forças da Mãe Natureza.
Data dos Sabbats no Hemisfério Sul
• Samhain 1 de Maio
• Yule 21 a 23 de Junho (Solstício)
• Imbolc 30 de Julho
• Ostara 21 a 23 de Setembro (Equinócio)
• Beltane 31 de Outubro
• Litha 21 a 23 de Dezembro (Solstício)
• Lammas 1 de Fevereiro
• Mabon 21 a 23 de Março (Equinócio)
Data dos Sabbats no Hemisfério Norte
• Samhain 31 de Outubro
• Yule 21 a 23 de Dezembro (Solstício)
• Imbolc 1 de Fevereiro
• Ostara 21 a 23 de Março (Equinócio)
. Beltane 1 de Maio
. Litha 21 a 23 de Junho (Solstício)
. Lammas 1 de Agosto
. Mabon 21 a 23 de Setembro (Equinócio)
O ano se inicia em Samhain (lê-se: sou-êin) (também conhecido como Halloween). Quando o Deus, Filho e Consorte da Deusa, morre.
• Então do Útero da Deusa Mãe, Ele renasce em Yule (o sabá do solstício de inverno), representando assim o eterno ciclo da reencarnação.
• Passa Sua infância em Imbolc, quando é alimentado pelo seio sagrado da Senhora, que agora descansa do parto;
• Em Ostara é a Deusa Renascida que surge, trazendo sua força. Ela é a Donzela e ele o Jovem Galhudo (representado por kernunos/cernunos – deus da fertilidade);
• Em Beltane Ele se une (em perfeito Amor e perfeita confiança) à Deusa Donzela, e da Sua união Tudo surgirá;
• Em Litha ele é pleno em Seu Poder, o implacável Senhor das Florestas, o Grande Pai, e a Donzela já se tornou a Grande Mãe;
• Em Lammas ele começa sua rota ao declínio. Ele é o Deus do Oculto, enquanto a Deusa segue sua trilha para dar à luz novamente o Seu filho, a Criança da Promessa;
• Em Mabon (lê-se mêibon) ele é o Sábio Deus Verde, e está se preparando para sua passagem, enquanto a Deusa percebe que Seu amado está partindo;
• Volta a morrer em Samhain, realizando a grande espiral do renascimento, ou simplesmente a Roda do Ano.
ESBAS
Os Esbás ou Esbaths são homenagens voltadas à Deusa em seu aspecto lunar. É celebrada na Wicca cada fase da Lua, mas muitos bruxos optam por celebrar somente a Lua Cheia como símbolo da Deusa.
Características de cada fase da Lua
•Lua Nova: Indica começo de tudo, antecipando o nascimento da Deusa. Feitiços que realizamos nessa época estão sempre voltados às coisas novas: um novo amor, um novo emprego, uma nova casa, enfim uma nova fase da vida.
• Lua Crescente: Simboliza o aspecto virginal da Deusa. Feitiços realizados estão ligados ao redimensionamento dos nossos antigos projetos. Podemos investir em uma nova conquista de um amor antes perdido, reconciliar uma velha amizade, ou seja, fazer crescer tudo o que já está em nosso caminho.
• Lua Cheia: Simboliza o aspecto materno da Deusa. É o momento decisivo, do julgamento e da realização, as energias da Deusa estão totalizadas e é o momento certo para atuar no caminho que projetamos na Lua Nova e iniciamos na Lua Crescente está no momento de ser percorrido ou abandonado na Lua Cheia.
• Lua Minguante: Simboliza o aspecto da Anciã da Deusa. É o estágio final de um ciclo de vida. Jamais comece projetos novos ou faça feitiços de relacionados a começos, se não eles minguarão junto com Lua.
COVENS
Coven, Coventículo ou Conciliábulo é o nome dado a um grupo de bruxos(as), que se unem num laço mágico, físico e emocional, sob o objetivo de louvar a deusa e o Deus, tendo em comum um juramento de fidelidade à Arte e ao grupo.
Um Coven tem como filosofia "Perfeito Amor e Perfeita Confiança". Isto quer dizer que dentro do Coven deverá prevalecer a união, pois um Coven é, antes de mais nada, uma família.
Tradicionalmente, ele abriga o máximo de treze pessoas. Quando esse número excede, há uma divisão, e cria-se então os Clãs, formados de vários grupos originados de um Coven inicial comum. Num grupo tão pequeno, todos tornam-se de vital importância, e a falta de qualquer membro é facilmente sentida.
Em Bruxaria, não existe nenhuma entidade hierárquica . O Coven não precisa ser associado a nenhuma fundação "maior", como um grande "chefe" comandando tudo. No entanto cada tradição tem sua organização própria sendo umas mais piramidais que outras ou ainda mais ou menos fechadas em relação aos novos membros.
O líder do Coven deve possuir sensibilidade e poder interior para canalizar a energia do grupo, para dar início e interromper cada fase dos rituais, ajustando a duração de acordo com o ânimo do grupo. Ele normalmente é escolhido pelo próprio grupo, geralmente tem seu cargo avaliado pelos membros e por si mesmo. Um Grão- Sacerdócio, uma posição de liderança, não é um status vitalicio... E sempre que necessário outras pessoas podem tomar estas posições desde que estejam dispostas a trabalhar e de comum acordo com todo o grupo.
Tensões por poder são comuns em todos os lugares. Nessas horas de disputa mesquinha o ideal é que se afastem os membros envolvidos e que se escolha um outro para o cargo. Moderação e diplomacia são sempre preferíveis à decisões ríspidas e autoritárias, mas pulso firme no momento certo, assegura a estabilidade dos laços.
Para tornar-se membro de um Coven, o(a) Bruxo(a) deve primeiro encontrar um Coven e ser iniciado, deve submeter-se a um ritual de comprometimento no qual os ensinamentos e segredos internos do grupo são revelados. A iniciação é seguida de um longo período de treinamento, onde a confiança do grupo é aos poucos conquistada. Ou, se não for possível encontrar um Coven de portas abertas o(a) Bruxo(a) pode escolher uma tradição que admita a auto-iniciação e formar seu próprio grupo de pessoas interessadas, que estudarão, se dedicarão e se tornarão, com um pouco mais de esforço, um Coven...
Um Coven mantém encontros periódicos para o treinamento, exercícios, troca de experiências, comemoração dos Sabás e Esbás, além de trabalharem juntos em outros rituais. A disciplina é essencial na formação de uma consciência mágica comum ao grupo e de uma Egrégora (que é, para simplificar, a força mágica do grupo e sua repercussão no Astral).
Covens liberais e democráticos em excesso se embaralham em coisas simples. Um pouco de ordem na casa, objetividade e disposição para abrir mão das suas próprias opiniões em pró do grupo sempre ajudam a concentrar esforços numa mesma direção.
Cada Coven tem seu próprio simbolo e nome, suas regras, suas características, seu método de estudo e "carisma mágico próprio". Covens próximos podem e devem trocar influências, porém sempre respeitando a individualidade de cada membro.
Mais que tudo, um Coven é um organismo vivo, pulsante, que responde segundo seus membros. Se alguém está doente, mal-intencionado, desequilibrado, angustiado, isso tudo se reflete no desempenho do grupo, nos resultados dos rituais. Por outro lado se há alguém extremamente bem, feliz, disposto, energizado, isso também é dividido com os membros que sentem a energia do Coven. O Coven une seus membros muito além do plano físico, até mesmo no emocional. A união é uma simbiose mágica. O que um sente é notado por todos, o que um passa é sentido por todos.
Na Wicca são chamados Instrumentos Mágicos. os instrumentos que são usados na práctica religiosa para focalizar a intenção e a atenção do praticante em uma determinada acção.
Cada instrumento tem relação com algum dos cinco elementos da natureza: Terra, Ar, Fogo, Água e Akasha.
Principais Instrumentos
PENTAGRAMA (ou PENTÁCULO)
É uma estrela de cinco pontas dentro de um círculo. Pode ser feito de madeira, metal, argila, ou outro material. Em alguns rituais o pentagrama pode ser contornado com pedras
ATHAME ou ESPADA RITUAL
É um punhal de lâmina dupla e cabo tradicionalmente preto. Também pode ser substituído por uma espada com fins estritamente rituais. É usado para direcionar energias e também para traçar o Circulo Mágico, representa a energia masculina, sendo um símbolo fálico. Representa o elemento fogo (ou ar em algumas tradições). O Athame nunca é usado para derramar sangue, nem deve ser usado para cortar algo físico.
VARINHA OU BASTÃO
Tem simbolismo semelhante ao Athame, usado para direcionar energia e para invocações, também é usado para traçar o Círculo Mágico. Representa o elemento ar (fogo em algumas tradições). Tradicionalmente é feito de madeira de uma arvore sagrada como Aveleira, Carvalho, Macireira, Freixo, Espinheiro, Sabugueiro, Acácia, Loureiro, entre outros, mas qualquer árvore serve, normalmente se toma galhos já caídos, e no caso de cortar sempre se pede permissão à árvore e deixa-se alguma oferenda.
CÁLICE
Representa o elemento água, é usado para se beber o vinho outra bebida ritual, simboliza o principio feminino relacionando-se, assim como o Caldeirão, ao ventre da Deusa. Pode ser feito de metal, cristal, madeira, pedra, concha do mar, chifre, entre outros.
CALDEIRÃO
O caldeirão simboliza o princípio feminino, representa o útero de Deusa-Mãe, de onde todas as coisas vêem. É usado pelos wiccanos para queimar papéis com pedidos, agradecimentos e orações ou para fazer fogueiras. Tradicionalmente possui três "pés" que representam as três faces da Deusa: Donzela, Mãe e Anciã. O caldeirão está ligado ao elemento Água que denota uma influência psíquica e do inconsciente.
VASSOURA
Na bruxaria em geral, e especificamente na Wicca, a vassoura é um instrumento usado para limpar o espaço mágico antes ou depois de fazer algum feitiço ou ritual. A vassoura representa o masculino (através do cabo) e o feminino (através da piaçava). Era comum as bruxas utilzarem vassouras em seus ritos de celebração da natureza, pulando sobre as vassouras em meio a colheita, o que levou à crença moderna de que bruxas voam em vassouras. Nos rituais matrimoniais da Wicca existe uma tradição onde os recém-casados saltam (de mãos dadas) uma vassoura deitada no chão, para marcar o início da vida espiritual em perfeita união.
LIVRO DAS SOMBRAS
O Livro das Sombras, muito conhecido como BOS (do inglês Book Of Shadows), é um diário usado por praticantes de magia para registrar rituais, feitiços e seus resultados, bem como outras informações mágicas. Tanto praticantes individuais quanto Covens mantêm esse tipo de Livro. Nele são inscritos invocações, receitas de poções, métodos de realização de rituais, contos sobre a mitologia, enfim, tudo relacionado à tradição seguida. Tradicionalmente, muitos preferem que seja preto com um pentagrama cravado na capa, mas isso não é regra. Por ser um Livro pessoal, pode ser de qualquer cor e qualquer material que o praticante desejar, normalmente os praticantes preferem ornamentar com folhas, canela, e também com papel reciclado, mas isso é escolha de cada um.
BOLLINE
Faca de cabo tradicionalmente branco, geralmente usada para colher ervas e gravar inscrições. É, simplesmente, uma faca prática de trabalho dos wiccanos, ao contrário da puramente ritualística Athame. Em algumas tradições é substituída por uma foice
SINO
O sino é usado na religião Wicca para marcar o início e/ou o fechamento de um ritual, para invocar seres específicos em um ritual e também para despertar da meditação os membros do Coven. Também é tocado quando se deseja afastar coisas malignas, para interromper tempestades ou para invocar e circular energias positivas. Nos rituais funerários da Wicca os sinos também são tocados, em honra àquele que partiu.
CORNUCÓPIA
O próprio chifre é um símbolo fálico, representante do sagrado masculino. E como a cornucópia lembra-nos um chifre (como o próprio nome diz) temos nela um dos símbolos mais utilizados na representação do Deus nas religiões pagãs e neopagãs. Entretanto, seu interior simboliza o útero - representado assim a Deusa - quando cheio alimentos que simbolizem a generosidade da terra fértil, representando o sagrado feminino.
TRIQUETRA
Este importante símbolo é uma espécie de estrela de três pontas, geralmente curvadas, o que confere ao símbolo uma graciosa fluidez de movimento. Pode ainda ser definida como um conjunto de três espirais concêntricas. É um dos elementos mais presentes na arte celta, e tem sua origem atribuída aos povos mesolíticos e neolíticos. A triquetra é um antigo símbolo indo-europeu. Também era utilizado por povos germânicos e gregos. Nos rituais da Wicca é utilizado para representar a Deusa Tríplice.