Mary Shelley
Retrato de Mary Shelley por Richard Rothwell exposto na Royal Academy em 1840,
acompanhado pela leitura do poema de Percy Shelley's, The Revolt of Islam onde a nomeava de "criança de amor e luz"
Retrato de Mary Shelley por Richard Rothwell exposto na Royal Academy em 1840,
acompanhado pela leitura do poema de Percy Shelley's, The Revolt of Islam onde a nomeava de "criança de amor e luz"
Mary Wollstonecraft Godwin nasceu em 30 de agosto de 1797 na cidade de Londres. Era segunda filha de Mary Wollstonecraft, feminista, educadora e escritora; e primeira filha de William Godwin, escritor, jornalista e filósofo.
No entanto, Mary Wollstonecraft faleceu dez dias após o nascimento de sua segunda filha; fato que atribuiu à William Godwin a responsabilidade da criação e educação da jovem Mary Godwin e de Fanny Imlay, filha da Sra. Wollstonecraft com Gilbert Imlay.
A obra do Sr. Godwin, intitulada Memoirs of the Author of A Vindication of the Rights of Woman, publicada um ano após a morte de sua esposa como uma homenagem à falecida, foi recebida pelo público com um certo espanto, pois expunha as relações extra-matrimoniais da Sra. Wollstonecraft. No entanto, esta obra foi de grande importância para que, posteriormente, Mary Godwin conhecesse a biografia de sua própria mãe e alimentasse uma admiração que se estenderia por toda sua vida.
Em dezembro de 1801, o Sr. Godwin casou-se novamente, desta vez com Mary Jane Clairmont, que já trazia dois filhos jovens, Charles e Claire. Segundo pessoas próximas à recém formada família, Mary Jane era uma mulher temperamental que dedicava sua atenção maternal exclusivamente a seus filhos, em detrimento de Mary Godwin e Fanny Imlay. Este fato contribuiu para uma convivência pouco harmoniosa entre Mary Godwin e sua madrasta.
Ainda assim, segundo registros, a infância de Mary Godwin foi plena e saudável com muita apreciação à leitura e aos estudos. Embora tivesse recebido uma educação formal bastante deficitária, Mary recebeu de seu pai um grande apoio intelectual. Sendo ele o responsável por grande parte da formação educacional da jovem Mary, oferecendo-lhe acesso ao seu acervo pessoal de livros, manuscritos de própria autoria e a inestimável convivência com pensadores como Samuel Taylor Coleridge.
Este ambiente proporcionou à jovem Mary um apreço especial pela literatura; tanto que aos dez anos de idade já escrevia seus primeiros versos. Ainda, Mary freqüentou, em 1811, um colégio interno em Ramsgate.
No ano seguinte, foi enviada por seu pai à cidade de Dundee, Escócia, sob a responsabilidade de William Baxterher. Porém, esse afastamento súbito e aparentemente sem motivo de Mary do convívio familiar gerou boatos sobre sua saúde e até mesmo comentários de que o Sr. Godwin tomara esta decisão visando integrar sua filha ao mundo da política.
De qualquer forma, Mary conviveu harmoniosamente na residência do William Baxterher e na companhia de suas quatro filhas. No ano seguinte, retornou à casa de seu pai por onde permaneceu por apenas dez meses, retornando em seguida para a Escócia. Foi nesta ocasião, que conheceu pessoalmente o já renomado escritor Percy Bysshe Shelley, cinco anos mais velho, casado com Harriet Westbrook, pai de dois filhos e amigo pessoal de Baxterher.
Já em 1814, Mary inicia um relacionamento amoroso com Percy e, juntamente com sua meia-irmã Claire Clairmont, parte rumo à França e posteriormente outros países da Europa. Quando retornam à Inglaterra, Mary vê-se grávida de Percy. Durante os próximos dois anos, ela e Percy enfrentam o ostracismo, dívidas e a morte da filha prematura.
Após o suicídio de Harriet, esposa legal de Percy, Mary e Percy casam-se formalmente em 1816. No mesmo ano, o casal passa o verão na Suíça em companhia de Lord Byron, John William Polidori e Claire Clairmont. Foi nesta viagem que Mary, agora formalmente como Mary Shelley, incentivada por Byron, idealiza sua obra Frankenstein - O Moderno Prometeus (título completo). Frankenstein tornaria-se uma referência da literatura de horror e ganharia, em um futuro breve, diversas releituras teatrais e cinematográficas, como no filme dirigido por James Whale e tendo como principal protagonista Boris Karloff, em 1931.
No ano de 1817, Mary publica um diário sobre suas viagens pela Europa. Em 1818, Percy e Mary deixam a Inglaterra e instalam-se na Itália. Foi também neste ano que Frankenstein chegou ao grande público. Nos anos seguintes, o casal sofre a perda prematura de dois filhos. Apenas a terceira criança, Percy Florence, nasce e cresce com saúde. Neste mesmo período, a obra Mathilda, que aborda incesto e suicídio, é publicada em 1820.
Em 1822, uma nova tragédia familiar: Percy Shelley afoga-se durante um passeio de barco, quando foi surpreendido por uma tempestade, na Baía de La Spezia. Em 1823 Mary e seu filho retornam à Inglaterra e a novela histórica Valperga foi publicada. A partir deste momento, Mary empenha-se na educação do jovem e dedica-se profissionalmente à literatura e às publicações de seu falecido marido.
Em 1826 é publicado The Last Man, trabalho que aborda sob um ponto de vista científico e apocalíptico o fim da humanidade em virtude de uma praga. Nos anos seguintes, a autora, ainda num período criativo muito fértil, elabora e publica diversas obras, entre elas destacam-se The Fortunes of Perkin Warbeck: A Romance, Lodore e Falkner.
Os últimos anos de Mary Shelley foram afetados pela doença. Desde 1839, ela sofreu de dores de cabeça e ataques de paralisia em partes do seu corpo, que por vezes impedia de ler e escrever. Em fevereiro de 1851, em Chester Square, ela morreu com cinquenta e três anos, com a suspeita de seu médico de um tumor cerebral. Mary Shelley queria ser enterrada com sua mãe e seu pai; mas sua família julgou o cemitério de St Pancras "terrível", e preferiu enterrá-la em St Peter's Church, Bournemouth. No aniversário de um ano de sua morte, os Shelleys abriram sua escrivaninha e dentro dela encontraram mechas de cabelos de seus filhos mortos, um caderno que ela compartilhava com Percy Bysshe Shelley, e uma cópia de seu poema Adonais com uma página dobrada em volta de uma pedaço de seda contendo algumas das cinzas do marido e os restos do seu coração.
No entanto, Mary Wollstonecraft faleceu dez dias após o nascimento de sua segunda filha; fato que atribuiu à William Godwin a responsabilidade da criação e educação da jovem Mary Godwin e de Fanny Imlay, filha da Sra. Wollstonecraft com Gilbert Imlay.
A obra do Sr. Godwin, intitulada Memoirs of the Author of A Vindication of the Rights of Woman, publicada um ano após a morte de sua esposa como uma homenagem à falecida, foi recebida pelo público com um certo espanto, pois expunha as relações extra-matrimoniais da Sra. Wollstonecraft. No entanto, esta obra foi de grande importância para que, posteriormente, Mary Godwin conhecesse a biografia de sua própria mãe e alimentasse uma admiração que se estenderia por toda sua vida.
Em dezembro de 1801, o Sr. Godwin casou-se novamente, desta vez com Mary Jane Clairmont, que já trazia dois filhos jovens, Charles e Claire. Segundo pessoas próximas à recém formada família, Mary Jane era uma mulher temperamental que dedicava sua atenção maternal exclusivamente a seus filhos, em detrimento de Mary Godwin e Fanny Imlay. Este fato contribuiu para uma convivência pouco harmoniosa entre Mary Godwin e sua madrasta.
Ainda assim, segundo registros, a infância de Mary Godwin foi plena e saudável com muita apreciação à leitura e aos estudos. Embora tivesse recebido uma educação formal bastante deficitária, Mary recebeu de seu pai um grande apoio intelectual. Sendo ele o responsável por grande parte da formação educacional da jovem Mary, oferecendo-lhe acesso ao seu acervo pessoal de livros, manuscritos de própria autoria e a inestimável convivência com pensadores como Samuel Taylor Coleridge.
Este ambiente proporcionou à jovem Mary um apreço especial pela literatura; tanto que aos dez anos de idade já escrevia seus primeiros versos. Ainda, Mary freqüentou, em 1811, um colégio interno em Ramsgate.
No ano seguinte, foi enviada por seu pai à cidade de Dundee, Escócia, sob a responsabilidade de William Baxterher. Porém, esse afastamento súbito e aparentemente sem motivo de Mary do convívio familiar gerou boatos sobre sua saúde e até mesmo comentários de que o Sr. Godwin tomara esta decisão visando integrar sua filha ao mundo da política.
De qualquer forma, Mary conviveu harmoniosamente na residência do William Baxterher e na companhia de suas quatro filhas. No ano seguinte, retornou à casa de seu pai por onde permaneceu por apenas dez meses, retornando em seguida para a Escócia. Foi nesta ocasião, que conheceu pessoalmente o já renomado escritor Percy Bysshe Shelley, cinco anos mais velho, casado com Harriet Westbrook, pai de dois filhos e amigo pessoal de Baxterher.
Já em 1814, Mary inicia um relacionamento amoroso com Percy e, juntamente com sua meia-irmã Claire Clairmont, parte rumo à França e posteriormente outros países da Europa. Quando retornam à Inglaterra, Mary vê-se grávida de Percy. Durante os próximos dois anos, ela e Percy enfrentam o ostracismo, dívidas e a morte da filha prematura.
Após o suicídio de Harriet, esposa legal de Percy, Mary e Percy casam-se formalmente em 1816. No mesmo ano, o casal passa o verão na Suíça em companhia de Lord Byron, John William Polidori e Claire Clairmont. Foi nesta viagem que Mary, agora formalmente como Mary Shelley, incentivada por Byron, idealiza sua obra Frankenstein - O Moderno Prometeus (título completo). Frankenstein tornaria-se uma referência da literatura de horror e ganharia, em um futuro breve, diversas releituras teatrais e cinematográficas, como no filme dirigido por James Whale e tendo como principal protagonista Boris Karloff, em 1931.
No ano de 1817, Mary publica um diário sobre suas viagens pela Europa. Em 1818, Percy e Mary deixam a Inglaterra e instalam-se na Itália. Foi também neste ano que Frankenstein chegou ao grande público. Nos anos seguintes, o casal sofre a perda prematura de dois filhos. Apenas a terceira criança, Percy Florence, nasce e cresce com saúde. Neste mesmo período, a obra Mathilda, que aborda incesto e suicídio, é publicada em 1820.
Em 1822, uma nova tragédia familiar: Percy Shelley afoga-se durante um passeio de barco, quando foi surpreendido por uma tempestade, na Baía de La Spezia. Em 1823 Mary e seu filho retornam à Inglaterra e a novela histórica Valperga foi publicada. A partir deste momento, Mary empenha-se na educação do jovem e dedica-se profissionalmente à literatura e às publicações de seu falecido marido.
Em 1826 é publicado The Last Man, trabalho que aborda sob um ponto de vista científico e apocalíptico o fim da humanidade em virtude de uma praga. Nos anos seguintes, a autora, ainda num período criativo muito fértil, elabora e publica diversas obras, entre elas destacam-se The Fortunes of Perkin Warbeck: A Romance, Lodore e Falkner.
Os últimos anos de Mary Shelley foram afetados pela doença. Desde 1839, ela sofreu de dores de cabeça e ataques de paralisia em partes do seu corpo, que por vezes impedia de ler e escrever. Em fevereiro de 1851, em Chester Square, ela morreu com cinquenta e três anos, com a suspeita de seu médico de um tumor cerebral. Mary Shelley queria ser enterrada com sua mãe e seu pai; mas sua família julgou o cemitério de St Pancras "terrível", e preferiu enterrá-la em St Peter's Church, Bournemouth. No aniversário de um ano de sua morte, os Shelleys abriram sua escrivaninha e dentro dela encontraram mechas de cabelos de seus filhos mortos, um caderno que ela compartilhava com Percy Bysshe Shelley, e uma cópia de seu poema Adonais com uma página dobrada em volta de uma pedaço de seda contendo algumas das cinzas do marido e os restos do seu coração.
Frankenstein
Frontispício de uma edição inglesa de Frankenstein, de Mary Shelley, publicada pela Colburn and Bentley em 1831.
Gravura feita por Theodor von Holst (1810-1844)
Frontispício de uma edição inglesa de Frankenstein, de Mary Shelley, publicada pela Colburn and Bentley em 1831.
Gravura feita por Theodor von Holst (1810-1844)
Frankenstein ou o Moderno Prometeu (Frankenstein: or the Modern Prometheus, no original em inglês), mais conhecido simplesmente por Frankenstein, é um romance de terror gótico com inspirações do movimento romântico. O romance relata a história de Victor Frankenstein, um estudante de ciências naturais que constrói um monstro em seu laboratório.
Mary Shelley escreveu a história quando tinha apenas 19 anos, entre 1816 e 1817, e a obra foi primeiramente publicada em 1818, sem crédito para a autora na primeira edição. Atualmente costuma-se considerar a versão revisada da terceira edição do livro, publicada em 1831, como a definitiva.
Origem da Narrativa
Mary Shelley escreveu a história quando tinha apenas 19 anos, entre 1816 e 1817, e a obra foi primeiramente publicada em 1818, sem crédito para a autora na primeira edição. Atualmente costuma-se considerar a versão revisada da terceira edição do livro, publicada em 1831, como a definitiva.
Origem da Narrativa
Em 1815 o Monte Tambora na ilha de Sumbawa, na atual Indonésia, entrou em erupção. Como consequência, um milhão e meio de toneladas de poeira foram lançadas na atmosfera, bloqueando a luz solar, deixando o ano de 1816 sem verão no hemisfério norte.
Neste ano, Mary Shelley, então com 19 anos e ainda com o nome de solteira Mary Wollstonecraft Godwin, e seu futuro marido, Percy Bysshe Shelley, foram passar o verão a beira do Lago Léman, onde também se encontrava o amigo e escritor Lord Byron. Forçados a ficar confinados por vários dias em ambiente fechado pelo clima hostil anormal para a época e local, os três e mais outro hóspede, o também escritor John Polidori, passavam o tempo lendo uns para os outros historias de horror, principalmente histórias de fantasmas alemãs traduzidas para o francês.
Eventualmente Lord Byron propôs que os quatro escrevessem, cada um, uma história de fantasmas. Byron escreveu um conto que usaria em parte mais tarde na conclusão de seu poema Mazzepa. Inspirado por outro fragmento de história de Byron desta época, Polidori mais tarde escreveria o romance “O Vampiro”, que seria a primeira história ocidental contendo o vampiro como conhecemos hoje, e que décadas depois inspiraria Bram Stoker no seu Drácula. Porém, passados vários dias, Mary Shelley ainda não conseguira criar uma história. Eventualmente ela veio a ter uma visão sobre um estudante dando vida a uma criatura. Essa visão tornou-se a base da história de Frankenstein.
Shelley relatou sua versão da gênese da história no prefácio à terceira edição de seu romance.
Curiosidades
Neste ano, Mary Shelley, então com 19 anos e ainda com o nome de solteira Mary Wollstonecraft Godwin, e seu futuro marido, Percy Bysshe Shelley, foram passar o verão a beira do Lago Léman, onde também se encontrava o amigo e escritor Lord Byron. Forçados a ficar confinados por vários dias em ambiente fechado pelo clima hostil anormal para a época e local, os três e mais outro hóspede, o também escritor John Polidori, passavam o tempo lendo uns para os outros historias de horror, principalmente histórias de fantasmas alemãs traduzidas para o francês.
Eventualmente Lord Byron propôs que os quatro escrevessem, cada um, uma história de fantasmas. Byron escreveu um conto que usaria em parte mais tarde na conclusão de seu poema Mazzepa. Inspirado por outro fragmento de história de Byron desta época, Polidori mais tarde escreveria o romance “O Vampiro”, que seria a primeira história ocidental contendo o vampiro como conhecemos hoje, e que décadas depois inspiraria Bram Stoker no seu Drácula. Porém, passados vários dias, Mary Shelley ainda não conseguira criar uma história. Eventualmente ela veio a ter uma visão sobre um estudante dando vida a uma criatura. Essa visão tornou-se a base da história de Frankenstein.
Shelley relatou sua versão da gênese da história no prefácio à terceira edição de seu romance.
Curiosidades
Embora a cultura popular tenha associado o nome Frankenstein à criatura, esta não é nomeada por Mary Shelley. Ela é referida como “criatura”, “monstro”, “demônio”, “desgraçado” por seu criador. Após o lançamento do filme Frankenstein em 1933 o público passou a chamar assim a criatura. Isso foi adotado mais tarde em outros filmes. Alguns argumentam que o monstro é, de certa forma, um “filho” de Victor, e portanto pode ser chamado pelo mesmo sobrenome.
Frankenstein é o antigo nome de uma antiga cidade na Silésia, local de origem da família Frankenstein. Mary Shelley teria conhecido um membro desta família, o que possivelmente influenciou sua criação.
Ao contrário da forma como se tornou conhecida no cinema, a criatura de Frankenstein não era verde e sim amarelo, como a própria autora o descreve no capítulo 5 da obra: "(...) Sua pele amarela mal cobria o relevo dos músculos e das artérias que jaziam por baixo; seus cabelos eram corrido e de um negro lustoso; seus dentes eram alvos como pérolas. Todas essas exuberâcias, porém, não formavam senão um contraste horrível com seus olhos desmaiados, quase da mesmacor acinzentada das órbitas onde se cravavam, e com a pele encarquilhada e os lábios negros e retos. (...)"
Frankenstein é o antigo nome de uma antiga cidade na Silésia, local de origem da família Frankenstein. Mary Shelley teria conhecido um membro desta família, o que possivelmente influenciou sua criação.
Ao contrário da forma como se tornou conhecida no cinema, a criatura de Frankenstein não era verde e sim amarelo, como a própria autora o descreve no capítulo 5 da obra: "(...) Sua pele amarela mal cobria o relevo dos músculos e das artérias que jaziam por baixo; seus cabelos eram corrido e de um negro lustoso; seus dentes eram alvos como pérolas. Todas essas exuberâcias, porém, não formavam senão um contraste horrível com seus olhos desmaiados, quase da mesmacor acinzentada das órbitas onde se cravavam, e com a pele encarquilhada e os lábios negros e retos. (...)"