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Aos Artistas Que Sobrevivem Nas Sombras Mais Inspiradoras E Aos Amantes Destas Sombras Na Forma De Arte, Poesia, Literatura E Música


    Francis Bacon

    Inominável Ser
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    Localização : Onde vivem os mortos

    Francis Bacon Empty Francis Bacon

    Mensagem  Inominável Ser Qui maio 23, 2013 5:33 pm

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    Francis Bacon - Foto Por John Deakin


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    Francis Bacon Tr%25C3%25ADptico%2520-%2520Tr%25C3%25AAs%2520Estudos%2520Para%2520Auto-Retrarto%2520-%2520Direito%2520-%25201979%25201.0


    Tríptico - Estudo Para Auto-Retrato - Pela Ordem: Esquerda, Centro E Direita - 1979



    Contorções de um corpo
    Imagem-momento
    Sede das sensações
    Sentidos não-relatados
    Extendida a ação
    Explanada a reação
    Contínua a destruição
    De toda representação
    Fala a imagem
    Vozes da imagem
    Apenas imagem
    Apenas a deformação
    Apenas a dobra
    Apenas a descida da carne
    A carne aparecida
    A carne transbordante
    A Carne


    Inomináveis Saudações a todos.

    Predominância da carne na situação do todo expansível de visibilidade nos quadros é o que pode ser notado nas obras de Francis Bacon (1909-1992). Magna é a sensação que se explora na expressividade da carne a dobrar-se, contorcer-se, a ser uma explosão de valores significativos não-significativos. Entre a não-significação e a não-narração, entre a não-classificação e a não-fixação, podem ser notadas as variantes possíveis de um estudo apurado da imagem que se dobra e contorce. Não-significação é a pluralidade da obra de Bacon. Não-narração é a singularidade da obra de Bacon. Não-classificação é a originalidade da obra de Bacon. Não-fixação é a premissa da obra de Bacon.

    Há outros não-significativos, os todos-significativos não-significativos, os nadas-significativos não-significativos. Entre o todo que visível percebe-se na contextualização de seus quadros, há o nada que pode perceber-se na não-contextualização de seus quadros. O todo é um construto que permite o percepto do nada e o nada é o afecto do construto de si mesmo, ampliando-se na textura das variações dos mecanismos da imagem. A carne dobrando-se, contorcendo-se, não é nem o todo e não é nem o nada, assim como os possíveis objetos que estejam em seu redor. O tecido carnal totaliza a individualização e a totalização não-significativa da imagem, nesta encontram-se germinadas outras não-significações, germinadas outras não-impressões, permitindo, então, ao mecanismo da sensação, em lógica primeira e primorosa de não-significação, atuar na moldura da ação observatória.

    A observação de cada obra de Bacon deve ausentar-se da narração, esquecer a narração, assassinar de maneira cruel e lenta a narração. Muitos são tentados a encontrarem em toda obra de pintura uma narrativa coesa, uma narrativa densa, uma narrativa que adeque o objeto presente na imagem à subjetividade incessantemente adequada ao espacializado classificar da mesma. Nada narrar e tudo contemplar, ser a carne dobrando-se, ser a carne contorcendo-se, ativar a mente na carnalidade toda se produzindo nos fundamentos não-narrativos dos quadros, pluralmente é uma meta de força para a apreciação da força presença nos quadros de Bacon.

    Dentro da própria força fazendo a carne dobrar-se, fazendo a carne contorcer-se, está a não-clasificação. Não se pode conter um grão significativo de classificação, a classificação tão dileta pela Humanidade, na expressividade da mente a agitar-se na contemplação da obra baconiana. Explora-se a força, em si mesma, do conteúdo carnalizado que flui por todo o quadro. Todo quadro de Bacon é Carne, Pura Carne, Carne Viva, Carne Presente, Carne Atuante, Carne Falante, Carne Privada, Carne Pública, Carne Repulsiva, Carne Atraente, Carne Compulsiva, Carne Obsessiva, Carne De Carne. Comestível, A Carne sai de cada quadro. Comestível, A Carne tonifica a força da vida do quadro. Comestível, A Carne situa-se na forma que constrói a potencialidade essencial do quadro.

    A Carne não se fixa, movimento nota-se no quadro. Se desmistificarmos o que significa o não-contemplar algo com olhos narrativos e, simplesmente, nos apresentarmos como que partes da Carne do quadro, alcançamos a concepção dos objetivos de Bacon na execução dos mesmos. A Carne é fácil de ser alcançada, basta digeri-la sem maiores esforços intelectivos. A Carne se oferece, devemos consumi-la, a experiência com Ela nos consome também, nos faz agir nas diretrizes de sua desenvolta canalização de forças na própria Força que a conduz ao nosso olhar e ao seu insistir e existir e resistir. É de uma lógica sensitiva aprioristicamente desconstrutiva da convencional apreciação de obras de pintura a da proporcionalidade de execuções da atitude nossa diante de um quadro de Bacon. A ação de cada um deles é uma ação não-fixa, nós nos movemos com a Carne, sentimos o mover da Carne, apalpamos A Carne, somamos nossos Eus à Carne. Essa não-fixidez leva à execução do fim de qualquer possível história que possa ser contada, que possa ser absorvida, que possa ser conduzida, no examinar da Carne se fazendo notar ao nosso olhar.

    A viagem não é longa diante de estudos do tipo. A viagem não acaba ao último parágrafo do livro de estudos sobre estudos desse tipo. O cabedal de informações nas deformações proporcionadas pela arte baconiana é objeto de ricas paragens sensitivas demasiadamente superiores às paragens comuns de estudos sobre a Pintura. Não se pode dizer que se possa ser indiferente ao Deformado, ao Descarnado, ao Impossível Possível Reinado Do Primado Da Carne na obra baconiana. O escorrer da Carne na tela, a tinta a contribuir para a vitalidade da imagem que configura a sua límpida ação a refletir-se em nosso olhar contemplativo, a densidade dos caminhos flexionados no destino indeterminado não-determinativo de nossa chegada a uma mais concreta opinião, contribui para a formadora formação da opinião corrente da grandiosidade do talento do executor de tal obra, obra como um todo descarnante, obra como um nada descarnante, obra de não-todo descarnante, obra de não-nada descarnante.

    O Descarnado. O Deformado. A Carne. A Não-Carne, agora potencializando as pequenas coisas não-presentes nos quadros e que pode-se perceber mais cuidadosamente em um exame isento de anteriores possíveis possibilidades de quase chegar-se à narrativa. Contudo, a narrativa fica adormecida, não pode haver narrativa, há a Mutação, de quadro a quadro, da Carne Descarnada, da Carne Deformada, da Carne Não-Carne. Objetiva-se o Visual. Objetiva-se o Virtual. Como a tela mais vitalizada de todas, somente se é possível compreender Bacon pondo-se do ponto de vista da Carne dobrando-se, contorcendo-se, deformando-se, descarnando-se, servindo ao propósito da contextualização não-contextualizante de facetas não-significativa, não-narrativa, não-classificativa, não- fixadora, estrategicamente configurada na obra baconiana. Tal configuração é não-configurativa, à medida que se contempla o Espaço completo da tela, vertentes de mensagens e de novas imagens formam-se, não com o intuito da narração, da siginificação, da classificação, da inércia; na estrada da potência potencializante dessas vertentes, o contemplador torna-se O Contemplado e A Carne serve, nesta altura, ao coexistir do mesmo em sua atmosfera descarnalizante.

    O Contemplado é, então, A Força Deformadora, A Força Descarnante, nativamente impressa na tela. O Contemplado vive na Carne que pulsa na tela. O Contemplado, objetivando-se na contemplação de si mesmo, sendo Contemplador, pode, finalmente, compreender o dito não-tido/não-significativo/não-narrativo/não-classificativo/não-fixo da baconiana virtude do descarnalizar moldar de todos os intensos tensos soberanos panoramas deformantes, descarnantes, dobrantes, contorcedores, da mesma. Formativa/Deformadora Ação que acompanharemos aqui neste tópico dedicado a um dos grandes pintores do século vinte, originalíssimo e que não deixou discípulos, pois a sua arte é inimitável, única, exclusivamente nascida de sua profunda imaginação e profundo talento. Os comentários e as reflexões aqui contidas advirão da leitura que este Inominável Ser fez do livro Francis Bacon - Lógica Da Sensação, de Gilles Deleuze (1925-1995). Convido aos interessados que, mesmo assim, este tópico está sendo aberto para que interpretemos, a partir de nossas próprias visões, sobre o que nos diz cada uma das pinturas dele, sem nos atentarmos, demasiadamente, ao dito no livro especificado, do qual apenas utilizarei algumas citações para melhor ampararmos as nossas discussões.

    Para lerem uma biografia de Francis Bacon, acessem:

    Francis Bacon – Biography

      Data/hora atual: Qua Nov 27, 2024 6:31 pm