Dissident - 2006
Insomniac - 2005
Knockout - 2005
Fragments - 2005
Inomináveis Saudações a todos vós, Coveirois e visitantes.
Nascida em 1975 na antiga Iugoslávia (hoje, Bosnia Herzegovina), Maya Kulenovic formou-se Mestra De Artes no ano de 1998 no Chelsea College of Art and Design, em Londres Inglaterra. Influenciada por Caravaggio e Rembrandt na utilização das técnicas do claro/escuro e, mais ainda, pelo primeiro, o criador do Tenebrismo, a sua Arte destaca-se pelo preciosismo da expressividade imposta aos quadros, pinturas a óleo de uma sombria natureza.
À primeira vista, a um olhar desprovido de qualquer conhecimento de técnicas de Pintura, pode-se pensar que se trata de Arte Digital, das “maravilhas artísticas” proporcionadas pelo uso do Photoshop. À primeira vista, este Inominável Ser que vos fala, sem saber qual técnica ela exatamente utilizava, logo pensei tratar-se de imagens digitalmente manipuladas. Mas, após ler detalhadamente sob a sua técnica em seu site oficial, vim a comprovar que nada e nenhum dos quadros acima é produto de digitalização, é uma arte nascida de mãos humanas, mãos impressionantemente talentosas.
É uma técnica nascida após anos e anos e anos de estudos dos antigos mestres, especialmente dos acima citados Caravaggio e Rembrandt. Nota-se muito dos dois em sua Arte, a retratar rostos deformados, paisagens bucolicamente sinistras, imagens abarrotadas de abstrações várias, tudo moldado no obscurecimento e no clareamento, ao mesmo tempo, de cada espaço utilizado no painel onde as pinturas são efetivamente construidas.
Torso - 2004
Suspension - 2006
Chorus - 2002
Somos levados a um universo de tormentos e dores lancinantes, que vibram em uníssono com as várias visões interpretativas que as imagens sugestionam ao nosso contemplador das pinturas acima. São corpos contorcidos, se vermos de uma maneira esteticamente direta. São corpo doloridos, se nos atentarmos a cada espaço dos mesmos utilizado pela pintora para realçar tal idéia. São corpos atolados em um deformar-se incessante, um redobrar-se em instâncias de máculas particulares, íntimas, eficazes na predominância de um certo desespero em mensagens que se escondem nas disposições corporais.
A feitura aproxima-se do Grotesco, do Sublime neste, pois pode-se dizer que tais pinturas exercem uma estranha hipnose, uma estranha atração, que pode fazer com que todas as suas grotescas dimensões façam e refaçam um caminho na direção do nosso olhar. Podemos desviar o olhar das pinturas acima, mas não queremos desviar o olhar, pois os corpos se aproximam, os corpos dinamizam-se, os corpos dialogam com as estrutura toda do nosso curioso olhar. A curiosidade nos atormenta, queremos saber o que sentem os retratados, o que estão vivenciando os retratados, o que estão querendo nos dizer, efetivamente, os retratados. A curiosidade vai nos guiando na agonizante busca por uma resposta à medida que as contorções aumentam, à medida que a própria composição das noções nossas de equilíbrio diminuem, passando de imediatamente exatas para mediatamente perturbadas...
A perturbação que se contorce em Gravity...
A perturbação que se contorce em Torso...
A perturbação que se contorce em Suspension...
A perturbação que se contorce em Chorus...
Contorção...
Perturbação...
Interna explosão...
Externa imersão no Deformado...
Externa deformação...
Interna deformação, vejam como em Chorus o mesmo corpo multiplicadamente se contorce e o rosto toda a incessante deformação...
Vejam, em Chorus, a inexata fusão de conceito e preceitos que podem variar a nossa interpretação...
Vejam, em Chorus, a nitidez das expressões em um cântico...
Vejam, em Chorus, a nitidez de um cântico doloroso sendo erguido...
Vejam, em Chorus, a corporeidade toda em agonizante estado...
Vejam, em Chorus, a corporeidade toda em um contorcedor momento de muitos momentos de deformadora estatura...
Em Chorus, um cântico doloroso mui estranho...
Um estranho fator a cantar...
Um estranho fator a tocar uma música, a fazer cantar...
Estranho fator a tocar uma música deformadora nos cinco quadros...
Estranho fato a fazer com que um cântico deformador situe-se nas simetrias deformadoras dos cinco quadros...
Simetrias que puxam todas as imagens para a nossa frente...
Simetrias que repuxam todas as imagens à nossa frente...
Simetrias que aguardam nosso aconchegar-nos em suas estâncias, em busca de compreensão, a mais direta e definidora compreensão, do que a agudez das deformidades estão a querer dizer...
As deformidades tornam os corpos O Corpo Deformado...
As deformidades retornam aos corpos como O Corpo Deformante...
As deformidades tomam os corpos como O Corpo Deformador...
Corpo Deformado, ele te suga, leitor virtual...
Corpo Deformante, ele te aspira, leitor virtual...
Corpo Deformador, ele te fascina, leitor virtual...
Não fiques leso diante de tais quadros. Não fiques perturbado diante de tais quadros. Tanto este Inominável Ser aqui quanto tu, diariamente, possui momentos assim, transitórios ou permanentes. Neste Inominável Ser aqui, os estados deformados/deformantes/deformadores, fazendo a remoção do antigo, formando a noção do novo, movimentando as agitações de um Eu sempre a lutar por sua mutabilidade, são estados que jogam-no na batalha mais atualizadora de um Espírito: a da interação com um mundo deformado/deformante/deformador. Compreendendo a partir de nossas deformadas/deformantes/deformadoras ações de moradias em quadros como os de Kulenovic, fazendo parte dos corpos em deformada/deformante/deformadora definição/indefinição definidora de sua situação-posição ao nosso olhar, chegamos, cada um à sua maneira, claro, ao concluir do que se passa ou não passa, do que se pode sentir ou não sentir, do que se pode ver ou não ver, nas ambientações corporificantes/corporificadas/corporificadoras específicas dos quadros.