John Ronald Reuel Tolkien nascido em Bloemfontein, a 3 de Janeiro de 1892 falecido em Bournemouth a 2 de Setembro de 1973, foi um escritor, professor universitário e filólogo britânico.
Desde pequeno era fascinado pela lingüística, tirou o curso na faculdade de Letras em Exeter.
Lutou na Primeira Guerra Mundial, onde começou a escrever os primeiros rascunhos do que se tornaria o seu "mundo secundário" complexo e cheio de vida, denominado Arda, palco das mundialmente famosas obras O Hobbit, O Senhor dos Anéis e O Silmarillion, esta última, sua maior paixão, que, postumamente publicada, é considerada sua principal obra, embora não a mais famosa.
Tornou-se filólogo e professor universitário, tendo sido professor de anglo-saxão (e considerado um dos maiores especialistas do assunto) na Universidade de Oxford de 1925 a 1945, e de inglês e Literatura inglesa na mesma universidade de 1945 a 1959. Mesmo precedido de outros escritores de fantasia, tais como William Morris, Robert E. Howard e E. R. Eddison, devido à grande popularidade de seu trabalho, Tolkien ficou conhecido como o "pai da moderna literatura fantástica", Sua obra influenciou toda uma geração.
Católico fervoroso, foi grande amigo de C.S. Lewis, autor de As Crônicas de Nárnia, ambos membros do grupo de literatura The Inklings.
Até onde se sabe a maioria dos parentes paternos de Tolkien eram artesãos. A família teve origem na Saxônia (Alemanha), mas viveu na Inglaterra desde o século XVII, tornando-se "rápida e intensamente inglesa (mas não britânica)"
O sobrenome Tolkien é um anglicismo de Tollkiehn (em alemão, tollkühn, temerário, imprudente, que em uma tradução etimológica deveria ser dull-keen, algo como estúpido-sagaz, uma tradução literal de oxímoro; no conto The Notion Club Papers, Tolkien cria um personagem com o nome John Jethro Rashbold, fazendo piada com o seu próprio nome, já que Jethro e Reuel são nomes do mesmo personagem bíblico, o sogro de Moisés). Mesmo sendo um Tolkien, considerava-se mais um Suffield (sua família materna) do que propriamente um Tolkien.
Aos três anos parte com a sua mãe, Mabel Suffield, dona de casa, e com o seu irmão, Hilary Arthur Reuel Tolkien, para a Inglaterra, onde pretendiam passar apenas uma temporada devido a questões de saúde de Mabel e dos seus filhos, mas devido à morte de seu pai, eles ali permaneceram por toda a vida.
O pai, Arthur Tolkien, um bancário que trabalhava para o Bank of Africa, contraiu febre reumática e morreu em 1896 na África do Sul, antes de juntar-se à família, e foi enterrado na própria África.
Em 1900 a situação financeira da família complicou-se. Mabel Suffield fazia parte da Igreja Anglicana, e quando tornou-se católica, a sua família cortou a ajuda financeira que lhe dava, e assim ela morreu, por diabetes, sem tratamento na época. Tolkien, que considerava esse fato um sacrifício da mãe em nome da fé, converteu-se ao Catolicismo. Facto que o influenciou profundamente, mesmo sem a menção direta de Deus na sua obra (Tolkien representa Deus por Eru, o qual cria todo universo e os seres que lá habitam). Tolkien disse que os mitos não-cristãos guardavam em si elementos do Grande Mito, o Evangelho, que adentraram o Mundo Primário, isto é, o mundo real, facto este que não vai contra a Igreja CatólicaTolkien e seu irmão foram entregues então aos cuidados do Padre Francis Xavier Morgan, que Tolkien mais tarde descreveu como um segundo pai, e aquele que lhe ensinara o significado da caridade e do perdão.
Sua mãe Mabel apresentou a ele e a seu irmão os contos de fadas em línguas como o latim e o grego.
Desde a morte da mãe, quando os irmãos passaram aos cuidados de Francis Morgan, o rapaz dedicou-se aos estudos demonstrando grande talento lingüístico. Estudou grego, latim, línguas antigas e modernas, como o finlandês, que serviu de base para criação do idioma élfico Quenya e o galês base para o outro idioma élfico, o Sindarin.
Em 1905 os órfãos mudaram-se para a casa de uma tia em Birmingham. Em 1908deu início à carreira acadêmica, ingressando no Exeter College, da Universidade de Oxford.
Conheceu Edith Bratt em 1908, quando ele e seu irmão Hilary foram alojados no mesmo local que a jovem, três anos mais velha, e os dois começam a namorar escondido. Entretanto, seu tutor, o Padre Francis Morgan, descobriu a situação e, acreditando que este relacionamento fosse prejudicar a educação do rapaz, proibiu-o de vê-la até que completasse vinte e um anos, quando Tolkien alcançaria a maioridade. Na noite do seu vigésimo primeiro aniversário, Tolkien escreveu a Edith, e convenceu-a a casar-se com ele, apesar de ela já estar comprometida, e também converteu-a ao catolicismo. Juntos eles tiveram quatro filhos: John Francis Reuel Tolkien (1917–2003), Michael Hilary Reuel Tolkien (1920-1984), Christopher John Reuel Tolkien (1924-) e Priscilla Anne Reuel Tolkien (1929-).
Tolkien era um pai devoto. Essa característica mostrava-se bastante clara nos livros, muitas vezes escritos para seus filhos, como Roverandom, escrito quando um deles perdeu um cachorrinho de brinquedo na praia. Além disso, Tolkien mandava todos os anos cartas do Papai Noel quando os filhos eram mais jovens. Havia mais e mais personagens a cada ano, como o Urso Polar, o ajudante do Papai Noel, o Boneco de Neve, Ilbereth (um nome semelhante ao da rainha Elbereth, a Valië), sua secretária, e vários outros personagens menores. A maioria deles contava como estavam as coisas no Pólo Norte. Mestre Gil de Ham foi, uma história contada para entreter os filhos.
A infância de Tolkien teve duas realidades distintas: a vida rural em Sarehole, ao sul de Birmingham, lugar que inspirou o famoso Condado, e o período urbano na escura Birmingham, onde iniciou seus estudos.
Ainda criança, mudou-se para King's Heat, numa casa próxima a uma linha de trem. Foi aí que ele começou a desenvolver uma imaginação lingüística, motivada pelos estranhos nomes das paradas do percurso, tais como Nantyglo, Perhiwceiber e Seghenydd. Sua infância foi muito marcada pelos contos de fadas , que estimularam sua imaginação para o Faërie, Belo Reino, como ele se referia ao mundo dos seres fantásticos.
Em 1914 , ano em que começou a Primeira Guerra Mundial, Tolkien ficou noivo de Edith Bratt.
No ano seguinte, recebeu com honras o diploma de licenciatura em Literatura de Língua Inglesa. A graduação e os méritos não o libertaram da convocação e em 1916, depois de casar-se com Edith Bratt, foi chamado à guerra. Tolkien sobreviveu à Batalha Somme (província de Soma), uma mal-sucedida incursão na França/Bélgica onde morreram mais de 500 mil combatentes. Em 1917 nasceu o seu primeiro filho, John Francis Reuel Tolkien (mais tarde padre John Tolkien) e no ano seguinte, depois de contrair tifo , J.R.R.Tolkien foi enviado de volta à Ingalterra.Foi neste período que iniciou o Livro dos Contos Perdidos ( The Book Of Lost Tales), que mais tarde converteu-se no Silmarillion, em 1919 quando ele retornou a Oxford.
Depois do fim da guerra Tolkien dedicou-se ao trabalho acadêmico como professor, tornando-se um grande e respeitado filólogo.
Nesta mesma época ingressou na equipe formada para preparar o New English Dictionary. O projeto já havia chegado à letra W, e seu supervisor, impressionado com o trabalho de Tolkien, afirmou que:
"Seu trabalho [de Tolkien] dá provas de um domínio excepcional de anglo-saxão e dos fatos e princípios da gramática comparada das línguas germânicas. Na verdade, não hesito em dizer que nunca conheci um homem da sua idade que se igualasse a ele nesses aspectos."
Mas foi só em 1925 depois do nascimento de seus filhos Michael Hilary Reuel Tolkien (1920) e Christopher John Reuel Tolkien (1924) que Tolkien publicou seu primeiro livro, ao lado de E. V. Gordon: Sir Gawain & the Green Knight, baseado em lendas do folclore inglês. A sua filha mais nova, Priscilla Anne Reuel Tolkien, nasceria dali a cinco anos.
Tolkien foi muito ligado a sociedades. Nas que participou, a literatura era o tema fundamental, algo que o ajudou na criação de suas obras, pois nestas sociedades encontrou seu primeiro público e encorajadores.
Em sua juventude, sua primeira sociedade foi a T.C.B.S (Tea Club, Barrowian Society), formada por Tolkien e três amigos. Não era dedicada apenas a literatura, mas ela estava presente. A Primeira Guerra Mundial dissolveu o grupo, matando Rob Gilson, e algum tempo depois G. B. Smith. Os dois restantes, Christopher Wiseman (inspiração para o nome do terceiro filho de Tolkien) e Tolkien, foram amigos até o fim da vida de Wiseman.
Anos depois, fundada por Tolkien, The Coalbiters dedicava-se à literatura nórdica, muito apreciada por Tolkien, que incluía Beowulf e a Kalevala, por exemplo. Chamavam-se de Kolbitars, ou, "homens que chegam tão perto do fogo no inverno que mordem carvão", o que originou no nome Coalbiters (mordedores de carvão). Entre seus membros estavam R. M. Dawkins, C. T. Onions, G. E. K. Braunholz, John Fraser, Nevill Coghill, John Bryson, George Gordon, Bruce McFarlane e C.S Lewis.
Outro grupo de que participava era chamado The Inklings, também dedicado à literatura, que se reunia no pub The Eagle and Child (em português A Águia e a Criança) que os integrantes chamavam O Pássaro e o Bebê (The Bird and Baby em inglês). Os Inklings incluíam C. S. Lewis e seu irmão H. W. Lewis, Charles Williams, Owen Barfield e Hugo Dyson.
Quando Tolkien conheceu C. S. Lewis, este era agnóstico, e Tolkien logo se empenhou para convertê-lo ao catolicismo romano. No entanto, Lewis preferiu o anglicanismo, movimento protestante cristão no qual fora educado. A religião sempre foi um motivo de afastamento entre Tolkien e C.S Lewis , especialmente pela forma diferente como ambos a tratavam. Tolkien inclusive não apreciou muito a obra As crónicas de Nárnia , por considerá-la demasiadamente alegórica (entretanto, ele não odiou o livro, como pensam alguns). A religião no livro de Lewis é bem explícita, ao passo que nos de Tolkien ela é oculta em personagens, lugares e até atitudes, embora sem ser alegórica, construção de que Tolkien não gostava. Apesar dos desentendimentos Tolkien e Lewis foram grandes amigos, amizade essa explorada no livro O Dom da Amizade: Tolkien e C. S. Lewis . De facto, O Senhor dos Aneis provávelmente não existiria sem o incentivo de C. S. Lewis, que aliás foi o primeiro a ouvir a história, e Tolkien jamais deixou de admirar a grande inteligência de Lewis.
A idéia de seu primeiro grande sucesso, O Hobbit, surgiu em 1928, enquanto Tolkien examinava documentos de alunos que queriam ingressar na Universidade e Tolkien contou que:
Um dos alunos deixou uma das páginas em branco – possivelmente a melhor coisa que poderia ocorrer a um examinador – e eu escrevi nela: Em um buraco no chão vivia um hobbit, não sabia e não sei porquê.
Tolkien emprestou o manuscrito incompleto á Reverenda Madre de Cherwell Edge na época, quando esta estava doente, e ele foi visto por Susan Dagnall, uma bacharel de Oxford , que trabalhava para Allen & Unwin (comprada em 1990 pela Editora Harper Collins) e analisado depois por Rayner Unwin (Filho de Stanley Unwin, fundador da Allen & Unwin, na época com 10 anos de idade) que ficou maravilhado pela história. Dagnall ficou tão encantada com o material que encorajou Tolkien para que ele terminasse o livro, e em 1937 é publicada a primeira edição de O Hobbit.
A saga do hobbit Bilbo – um ser baixo, pacato, de pés peludos e grandes, que se aventura na Terra Média ao lado do mago Gandalf e mais treze anões – teve tanto sucesso que Tolkien foi sondado para novas aventuras. Tolkien oferece O Silmarillion, que ele considerava sua principal obra, mesmo que, hoje, não a mais conhecida. Stanley Unwin preferiu não arriscar e não publicou a obra. Mesmo depois da recusa, Tolkien concordou em continuar a saga dos hobbits e começa a dar forma a uma nova obra, que lhe consumiu doze anos de trabalho desde os primeiros rascunhos até a sua conclusão, mas que o tornaria um dos mais conceituados escritores de todos os tempos: O Senhor dos Anéis
O elo para a nova aventura surge no Anel que Bilbo rouba de Gollum em O Hobbit. Os primeiros rascunhos da obra datam de 1937, mas devido ao seu perfeccionismo, que o impelia a ter de fazer vários rascunhos para cada uma de suas obras, foi somente em 1949 que O Senhor dos Anéis foi para as mãos de sua editora. Durante este longo tempo, Tolkien também escreveu Leaf by Niggle em que o autor se manifesta de forma autobiográfica, projetando-se em Niggle, com suas dúvidas sobre o trabalho que estava escrevendo, "O Senhor dos Anéis", e sua relevância. Em princípio o texto foi recusado, pois a idéia de Tolkien era lançar dois volumes, sendo eles "O Silmarillion" e "O Senhor dos Anéis", já que ele os considerava interdependentes e indivisíveis. Entretanto o editor da Collins, uma outra editora, havia gostado da idéia e começou a encorajar Tolkien a publicar os livros pela editora Collins. Depois de grande atraso na publicação, Tolkien perde a paciência e desiste do acordo. Posteriormente, após algumas conversas com Rayner Unwin (já adulto e trabalhando na empresa do pai, Rayner foi um dos que recebiam os rascunhos de "O Senhor dos Anéis" de Tolkien ao longo de sua composição), a decisão da Allen & Unwin foi reconsiderada e, em 1954, foram publicados os dois primeiros volumes (A Sociedade do Anel e As Duas Torres). Em 1955 foi publicado o terceiro e último volume (O Retorno do Rei). A idéia original era lançar a obra toda num único volume, mas para tornar mais barato os custos de impressão, foi dividida em três volumes.
Esse livro consolidava então o que Tolkien chamava de Mundo Secundário, com novas normas, novos povos, uma realidade à parte: Arda, o cenário de uma das maiores obras literárias de todos os tempos. "Arda" é a Terra, povoada por seres fantásticos, como os Valar, os Maiar, e os mais conhecidos, hobbits, elfos, anões, trolls, orcs e cercada de mistérios e magia:
[Criei] um Mundo Secundário no qual sua mente pode entrar.
Dentro dele, tudo o que ele relatar é "verdade": está de acordo com as leis daquele mundo. Portanto, acreditamos enquanto estamos, por assim dizer, do lado de dentro.
Apesar dos ataques da crítica, o livro teve grande sucesso dos dois lados do Atlântico, mas seus livros só alcançaram a classe de cult nos anos 60, devido ao fato de sua obra ter se tornado mania entre os universitários dos Estados Unidos com a chegada de uma edição pirata norte-americana neste país.
O nome de Tolkien ganhou notoriedade mundial, facto este que provocava mais transtornos que prazer ao autor, pois visitantes excêntricos afluíam ao seu encontro: fãs norte-americanos telefonavam-lhe durante a madrugada sem se lembrar do fuso horário por exemplo. Tais factos tiveram grande peso em sua decisão de se mudar para Bournemouth.
EXIMIO LINGUÍSTA
Desde criança já tinha em sua volta línguas clássicas como grego e o latim, e mais tarde com o espanhol. Sempre achou o italiano muito elegante e, é claro, o inglê e o anglo-saxão o fascinavam. O francês não o cativava tanto, apesar de ser (como ainda é) aclamada como uma belíssima língua. Quando se deparou com a língua finlandesa ele se encantou, e usou sua gramática, junto com a galesa, como base para as línguas que mais tarde apareceriam em seus livros. Línguas de gramática complexa e vasto vocabulário. Línguas que seriam estudadas a fundo por muitos de seus fãs: o Quenya, cujo exemplo máximo é expressado pelo poema Namárië, e o Sindarin, este último baseado no galês, as Línguas Élficas, todas movidas pelo som bonito (eufonia) e pela estética, como o "Repicar dos sinos" dizia ele. Foi baseado nestas línguas que Tolkien começou a desenvolver seu mundo. Para ele, primeiro vinha a palavra, depois a história. A composição para ele não era um passatempo (como foi 'acusado' na época), mas um trabalho filológico. Ele criou um mundo onde suas línguas pudessem ser faladas, e lendas para rodeá-las.
Além do inglês, Tolkien conhecia cerca de dezesseis outros idiomas (à excepção dos criados por ele mesmo) que eram os seguintes: grego antigo, latim, gótico, islandês antigo, sueco, norueguês, dinamarquês, anglo-saxão, médio inglês, alemão, neerlandês, francês, espanhol, italiano, galês e finlandês.
Quando O Hobbit foi traduzido para o islandês, Tolkien ficou encantado, porque, além de esta ser uma de suas línguas favoritas, ele achava que o livro combinaria muito com ela. Muitos nomes, como Gandalf, foram retirados do antigo islandês.
Alfabeto rúnico criado por Tolkien, chamado Angerthas ou Cirth.
Criou várias outras línguas (como o Khûzdul e o Valarin), mas nenhuma tão elaborada quanto as duas élficas. Também desenvolveu alguns sistemas de escrita, as Angerthas (ou runas) e as Tengwar. Acreditava que uma língua bonita devia ter também um alfabeto elegante.
O primeiro artigo da Declaração dos Direitos Humanos escrita nos caracteres Fëanorianos: as Tengwar
Se por um lado Tolkien exerceu grande influência na era da informática, por outro, isso bate de frente com a visão nostálgica e radical do autor. Ele sempre foi avesso a comboios, automóveis, televisão e comida congelada, a indústria em si. Tolkien acreditava que essa dominação e controle que a tecnologia moderna exerce sobre o Homem, mesmo que usadas para o bem, “trazem sofrimento à criação” (referindo-se ao seu Mundo Secundário). Este ponto de vista foi criado devido a sua experiência como veterano da Primeira Guerra Mundial e pai de rapazes que lutaram na Segunda Guerra Mundial, e ele não alimentava mais a ilusão do papel benéfico e salvador do desenvolvimento das tecnologias. Com esse pensamento, ele coloca o problema da tecnologia no coração de O Senhor dos Anéis. O Um Anel é o instrumento máximo do poder. Poder esse que até Gandalf preferiu não arriscar, deixando o fardo para Frodo. E cabe ao pequeno hobbit o dilema da saga: ter o poder não é possuir o Um Anel, e sim destruí-lo. Frodo deve então renunciar ao poder porque ele corrompe. Só assim ele será capaz de destruir Sauron. Mesmo assim, sua obra foi a inspiração que faltava para novos jogos de computados, para o cinema e a televisão.
Com a morte de sua esposa em 19 de Novembro de 1971, após 55 anos de casamento, Tolkien refugiou-se na solidão em um apartamento na Universidade de Oxford. Numa carta ao seu filho Christopher, John Ronald Reuel Tolkien escreveu, sobre sua mulher Edith Bratt:
[...]o cabelo dela era preto e sedoso, a pele clara, os olhos mais brilhantes do que os que vocês viram, e sabia cantar... e dançar
Mas a história estragou-se, e eu fiquei para trás, e não posso suplicar perante o inexorável Mandos.[...].
No texto, Tolkien decide que no epitáfio de Edith estaria escrito Lúthien. Lúthien é uma personagem de "O Silmarillion" inspirada na esposa de Tolkien, como afirma o trecho da mesma carta:
É breve e simples [o epitáfio], a não ser por Lúthien, que tem para mim mais significado do que uma imensidão de palavras, pois ela era (e sabia que era) a minha Lúthien [...] Nunca chamei Edith de Lúthien, mas foi ela a fonte da história que, a seu tempo, se tornou parte de O Silmarillion.
Túmulo de J. R. R. Tolkien e sua mulher no Cemitério de Wolvercote. Nele, as inscrições: Edith Mary Tolkien, Lúthien, 1889-1971. - John Ronald Reuel Tolkien, Beren, 1892-1973.
Lúthien era elfa, imortal, mas se apaixona por um mortal, Beren. Ela então desiste de sua imortalidade. Ambos enfrentam muito para ficar juntos e, quando ele morre, Lúthien vai até os Palácios de Mandos, o guardião das Casas dos Mortos. Beren a aguardava nos Palácios, e ela canta diante de Mandos que, então, se comove, a única vez em toda sua existência, e permite que ambos voltem, como mortais. E assim foi. No túmulo, abaixo do nome Edith Tolkien está escrito Lúthien, que, nas histórias, é a mais bela das elfas, a mais bela dos Filhos de Ilúvatar. A história dos dois está contada na Balada de Leithian.
Em 1972, J. R. R. Tolkien recebeu o Doutorado Honorário em Letras da Universidade de Oxford, e conseguiu seu último e mais importante título: a Ordem do Império Britânico pela Rainha Elizabeth, uma das maiores honras britânicas. Era agora Sir John Ronald Reuel Tolkien.
No dia 28 de Agosto de 1973 Tolkien sentiu-se mal durante uma festa, e na manhã do outro dia foi internado, com úlcera e hemorragia. No sábado descobriu-se uma infecção no peito.
Aos 81 anos de idade, então, nas primeiras horas do domingo de 2 de Setembro de 1973, J. R. R. Tolkien morre na Inglaterra. Enterrado junto com a esposa, no Cemitério de Wolvercote, no túmulo feito de granito da Cornualha, abaixo do seu nome há a inscrição Beren.
Após sua morte, o seu filho Christopher editou e publicou "O Silmarillion" (em 1977), além de nos anos 80 e 90 lançar a série The History Of Middle-Earth (A História da Terra-Média), uma gigantesca coletânea dividida em doze volumes, e Unfinished Tales of Númenor and Middle-Earth (Contos Inacabados)
Em 1992, ano em que Tolkien completaria 100 anos, duas árvores foram plantadas em seu tributo em Oxford pela Tolkien Society e pela Mythopoeic Society, grupos de leitores e estudiosos de sua obra. Essas duas árvores fazem alusão às Duas Árvores de Valinor, que davam luz a Valinor nos Dias Antigos
Obras publicadas
The Hobbit
The Lord of the Rings
The Silmarillion (publicada postumamente)
Unfinished Tales of Numenor and Middle-earth (publicada postumamente)
Roverandom
Farmer Giles of Ham
The Adventures of Tom Bombadil and other Verses from the Red Book
Leaf by Niggle
Tree and Leaf (reúne o conto Leaf by Niggle e o ensaio On Fairy-Stories)
The Tolkien Reader
The Monster and the Critics
Smith of Wootten Major
The Road Goes Ever On: A Song Cycle
Letters of J.R.R. Tolkien
Finn and Hengest: The Fragment and the Episode
Mr. Bliss
A Middle English Vocabulary
Sir Gawain & The Green Knight
Songs for the Philologists
The Reeve´s Tale
Sir Orfeo
Ancrene Wisse: The English Text of the Ancrene Wisse
Sir Gawain and the Green Knight, Pearl and Sir Orfeo
A obra abaixo foi compilada e editada pelo filho de Tolkien, Christopher.
The History of Middle-earth I - The Book of Lost Tales
The History of Middle-earth II - The Book of Lost Tales II
The History of Middle-earth III - The Lays of Beleriand
The History of Middle-earth IV - The Shaping of Middle-earth
The History of Middle-earth V - The Lost Road and Other Writings
The History of Middle-earth VI - The Return of the Shadow
The History of Middle-earth VII - The Treason of Isengard
The History of Middle-earth VIII - The War of the Ring
The History of Middle-earth IX - Sauron Defeated
The History of Middle-earth X - Morgoths Ring
The History of Middle-earth XI - The War of the Jewels
The History of Middle-earth XII - The People of Middle-earth
Obras publicadas em Portugal
O Senhor dos Anéis I
O Senhor dos Anéis II
O Senhor dos Anéis III
O Hobbit
O Silmarillion
As Aventuras de Tom Bombadil e outras histórias
Contos Inacabados de Númenor e da Terra Média
Os Filhos de Húrin
Obras publicadas no Brasil
O Hobbit [Ed. Martins Fontes]
O Senhor dos Anéis (Volume único e separado)[Ed. Martins Fontes]
O Silmarillion [Ed. Martins Fontes]
Contos Inacabados de Númenor e da Terra-média[Ed. Martins Fontes]
Roverandom [Ed. Martins Fontes]
Mestre Gil de Ham [Ed. Martins Fontes] (Farmer Giles of Ham)
As Cartas de J. R. R. Tolkien [Ed. Arte & Letra] (Letters of J.R.R. Tolkien)
Sobre Histórias de Fadas [Conrad Editora] (Tree and Leaf)
Livro: J.R.R.Tolkien. O Senhor dos Anéis, A Sociedade do Anel. Livraria Martins Fontes Editora Ltda.. ISBN 85-336-1337-7.
Livro: J.R.R.Tolkien. O Senhor dos Anéis, As Duas Torres. Livraria Martins Fontes Editora Ltda.. ISBN 85-336-1338-5.
Livro: J.R.R.Tolkien. O Senhor dos Anéis, O Retorno do Rei. Livraria Martins Fontes Editora Ltda.. ISBN 85-336-1339-3.
Livro: J.R.R.Tolkien. O Hobbit. Livraria Martins Fontes Editora Ltda.. ISBN 85-336-0881-0.
Livro: J.R.R.Tolkien. O Silmarillion. Livraria Martins Fontes Editora Ltda.. ISBN 85-336-1165-x.
Livro: J.R.R.Tolkien. Contos Inacabados. Livraria Martins Fontes Editora Ltda.. ISBN 85-336-1537-x.
Livro: J.R.R.Tolkien. Sobre Histórias de Fadas. Conrad Editora do Brasil, 2006. ISBN 85-7616-203-2
Livro: J.R.R.Tolkien. As Cartas de J. R. R. Tolkien. 1.ed. Curitiba: Arte & Letra, 2006. 470 p. ISBN 85-89101-08-8
Última edição por Elektra em Sex Nov 12, 2010 9:14 pm, editado 1 vez(es)