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GILLES DE RAIS
Gilles de Montmorency-Laval, Gilles de Rais, ou Gilles de Retz (10 de Setembro de 1404 - 26 de Outubro de 1440), foi um nobre francês e soldado que lutou em diversas batalhas ao lado de Joana D'Arc contra os ingleses.
Ficou conhecido por ser acusado e condenado por torturar e violar um grande número de crianças. Juntamente com Erzsébet Báthory, aristocrata húngara que agiria no século seguinte, ele é considerado por alguns historiadores como percursor do assassino em série moderno.
De Rais nasceu em 1404 em Machecoul, próximo a fronteira com a Bretanha. Seu pai foi Guy de Montmorency-Laval e sua mãe era Marie de Craon. Ele tinha um irmão, René de Susset, com o qual foi muito unido na sua infância. Fora uma criança inteligente, falando, inclusive, latim fluentemente. Após a morte da mãe e, posteriormente, a trágica morte do pai, os dois irmãos ficaram sob a tutela do avô materno, Jean de Craon. Ele ensinou aos garotos o narcisismo, a soberba, o poder, o orgulho, o que fez com que moldasse a personalidade de Gilles. Mas no começo, Jean dava muito mais atenção ao irmão de Gilles, o que fez com que esse vivesse fechado na biblioteca da casa. Lá ele encontraria seu alter ego e heróis em livros sobre a Roma antiga. Ele via como os antigos imperadores romanos eram poderosos, ricos e matavam sem dever explicações a ninguém.
Aos 14 anos, o seu avô deu-lhe uma grande armadura milanesa e o proclamou cavaleiro. Logo já manejava uma espada e destruia os seus bonecos de treino e já demonstrava sua agressividade. Primeiramente com animais, mas logo com seres humanos. Aos 15 anos, cometeria seu primeiro assassinato. Ele chamou seu amigo Antoin para um duelo, que este pensava ser inofensivo. No entanto Gilles levou o duelo a sério e acabou atingindo Antoin com a espada, que agonizou até a morte. Nessa ocasião ele não foi sequer acusado, pois era nobre e Antoin por sua vez, era de origem humilde.
Sua enorme agressividade levou-o a entrar para a carreira militar, na qual poderia descontar a fúria nos inimigos. Lutava sempre na vanguarda dos soldados (tropas pagas por ele) contra os ingleses, e parecia outra pessoa quando lutava, tamanha era sua habilidade.
Após uma das campanhas casou-se com Catherine, que era de uma casa nobre da Bretanha, em 1420. Em 1429, Catherine daria à luz a única filha do casal, Marie. Porém Gilles dizia não amar a esposa e posteriormente, ficava evidente o caráter da bissexualidade do homem. Mais tarde, Gilles lutaria ao lado de Joana D'Arc, pela qual possuía uma estima muito grande, novamente contra os ingleses, retornando vitorioso a Paris.
Com o passar do tempo, as derrotas contra os ingleses (na batalha de Patay) e, posteriormente a morte de sua 'deusa' Joana D'Arc, tornaram Gilles cada vez mais triste e sombrio. Ele chegou a declarar que não tinha mais vontade de viver, pois essa morrera com Joana D'Arc.
Deixou a vida militar e refugiou-se na Bretanha Francesa, mais precisamente no castelo de Tiffauges, onde os seus demônios e sentimentos mais perversos afloraram. A mente do ex-comandante ficara ainda mais confusa com as tragédias da guerra e a morte de seus camaradas. Nessa altura ele já havia se separado de sua esposa Catherine.
Entre 1432 e 1440, chegaram a contabilizar o desaparecimento de mais de 1.000 meninos entre 8 e 10 anos na Bretanha. No seu castelo, Gilles estava rodeado de uma corte grotesca de bruxas, alquimistas e sadistas. Gastava toda a fortuna em obras artísticas que lhe recordavam as campanhas com Joana D'Arc e em festas para os seus estranhos amigos e conselheiros. As bizarrices, porém, ocorriam ao cair da noite, quando ele dedicava-se a torturar, violar e assassinar meninos, préviamente seqüestrados por 'bruxas'. Para defender-se de acusações de que os meninos seqüestrados eram levados ao seu Castelo, Gilles dizia que os entregava a Inglaterra para se converterem em padres.
Ele utilizou, além do castelo de Tiffauges, o castelo de Machecoul e a casa de Suze para cometer seus delitos.
Tudo acabaria em outubro de 1440, quando uma investigação levou até Gilles de Rais. No seu julgamento (altamente detalhado nas escritas do século XV), ele se declarou, a princípio, inocente. Entretanto, em um de seus transtornos de personalidade, dos quais já sofría há anos, ele assumiu a culpa, dizendo estar arrependido. Gilles documentou todos os assassinatos e ações conturbadas. As declarações chocaram a França, pois era considerado um herói pelo povo. Chegaram a contabilizar 200 vítimas, porém é certo que este número seja bem maior.
No dia 26 de outubro de 1440, Gilles de Rais e seus 'colaboradores' foram levados até Nantes, onde foram enforcados e depois queimados.