BLACK METAL
O Black Metal um subgênero musical que evoluiu do Thrash Metal no início do ano 1980 paralelamente ao Death Metal, um outro gênero do metal extremo. Este novo estilo é extremamente sombrio, crú e agressivo e incorpora em suas letras temas como o satanismo e o paganismo (em particular a mitologia nórdica). Um estilo onde o extremismo pode ser percebido tanto na sonoridade - ríspida e crua - quanto nas letras: anticristãs, em alguns casos Neo-Nazistas (Por influência de Kristian Vikernes).
Algumas bandas consideradas percursoras do estilo são: Venom, Hellhammer, Bathory, Sodom, Celtic Frost, Bulldozer, Destruction e Mercyful Fate. Algumas das bandas mais influentes no início deste estilo foram: Burzum, Darkthrone, Emperor, Immortal, Sarcófago e Mayhem.
O estilo foi fortemente influenciado por duas bandas que passaram a representar duas correntes: Burzum, que representa a corrente mais filosófica, pró-paganista, anti-cristã; foi grandemente influenciada por Nietzsche e a corrente representada pela banda Mayhem: anti-cristã, satânica; fortemente blasfémica.
Características musicais
As canções de Black Metal costumam apresentar uma ou mais das seguintes características:
Utilização de tons menores visando à criação de atmosferas musicais sombrias, frias, obscuras e melancólicas.
Guitarras rápidas usando a técnica de palhetadas em tremolo.
Letras de cunho anti-cristão ou ligadas ao Paganismo, Satanismo, Mitologia e Ocultismo em geral. Existem ainda bandas em que as letras são ligadas ao Niilismo, Anti-Humanismo, algumas até mesmo à Depressão, Suicídio ou doenças mentais.
Bateria rápida e agressiva, geralmente usando a técnica de "blast beats". A bateria também pode assumir uma sonoridade mais seca e vagarosa de forma a criar diferentes atmosferas para a canção.
Os vocais geralmente são guturais e agudos, mas existem muitas bandas que utilizam estilos vocais bastante variados, ainda sempre "rasgados".
Utilização ocasional de teclados, Harpas, violinos, órgãos e coros são relativamente comuns, proporcionando à música uma sonoridade de orquestra. As bandas que se utilizam de teclados ou instrumentos sinfônicos são consideradas bandas de Symphonic Black Metal.
Produção musical limitada e gravação de álbuns com baixa fidelidade. Este expediente é utilizado intencionalmente como uma afirmação contra a canção "mainstream" ou para criar atmosferas diferentes na canção. Este efeito de "subprodução" é obtido cortando-se as freqüências mais altas e as mais baixas, deixando apenas as freqüências médias. Poucas bandas pioneiras do estilo ainda se utilizam de tal recurso, pois sua produção musical limitada era causada principalmente por seus baixos orçamentos.
Uma característica notória do estilo é a utilização do "corpse paint", que é uma pintura facial (geralmente em preto e branco) que proporciona à pessoa uma aparência de cadáver em decomposição (corpse, em inglês).
Utilização de pseudônimos satânicos/obscuros ou não. Os pseudônimos são herança das tribos guerreiras do passado, onde eram usados pseudônimos com o objetivo de amendrontar os integrantes das tribos inimigas. A utilização de pseudônimos no Black Metal foi iniciada pelo Venom, cuja formação original consistia de Cronos, Mantas e Abbadon. Outros exemplos são: Quorthon (Bathory), Nocturno Culto (Darkthrone), Ihsahn (Emperor), Abbath (Immortal), Euronymous (Mayhem).
PRIMEIRA ONDA DO BLACK METAL
Embora algumas bandas nos anos 70 já tivessem feito referências ao lado negro da vida, as bandas consideradas percursoras do Black Metal moderno são: Venom (que inventou o termo em 1981 e deu ao seu segundo álbum de 1982 o nome Black Metal), Bulldozer, Celtic Frost, Hellhammer, Mercyful Fate e Bathory que lançou em meados dos anos 80 o Under the Sign of the Black Mark, um dos álbuns que se tornou um paradigma para o Black Metal moderno. Alguns consideram que estas bandas percursoras fizeram parte da primeira onda do Black Metal, sendo que alguns dos álbuns mais significativos desta onda foram: Black Metal dos Venom, The Return e Under the Sign of the Black Mark dos Bathory, Melissa dos Mercyful Fate e Morbid Tales dos Celtic Frost.
Diversas bandas desta mesma época (década de 80) como Slayer, Possessed e Destruction abordavam, devido á influência dos Venom, temas satânicos em suas letras, embora suas sonoridades fossem bem diferentes do Black Metal. Estas bandas ajudaram a forjar a base do que viria a ser o Black Metal moderno que passou a existir de forma mais sólida a partir da segunda onda de Black Metal.
SEGUNDA ONDA DO BLACK METAL
O estilo teve um grande crescimento no início dos anos 90.
O ano de 1991 viu os lançamentos dos primeiros discos dessa leva: Worphip Him dos Samael; o EP Passage to Arcturo dos Rotting Christ e Oath of the Black Blood dos Beherit.
Foi depois desses lançamentos que bandas da Noruega como Burzum, Darkthrone, Emperor, Mayhem e Immortal contribuíram para tornar o Black Metal moderno conhecido por todo o mundo. Estas bandas mesclavam elementos de Heavy Metal e música clássica e suas letras falavam de temas pagãos, satânicos, anti-cristãos e ocultos em geral.
Além do aspecto musical as bandas retomaram o uso das pinturas faciais. As pinturas faciais ligadas ao Black Metal passaram a ser chamadas de pinturas de guerra ("warpaint") ou mais comumente "corpse paint". Alguns dos álbuns mais representativos deste período foram:Fuck Me Jesus dos Marduk, Det Som Engang Var e Filosofem dos Burzum, A Blaze In The Northern Sky dos Darkthrone, Pure Holocaust dos Immortal, De Mysteriis Dom Sathanas dos Mayhem e In The Nightside Eclipse dos Emperor.
Na época de 1991 a 1994 ocorreram na Noruega fatos polémicos ligados ao estilo Black Metal como queima de igrejas, assassinatos e violações de túmulos, que indiretamente contribuíram para a divulgação do gênero pelo mundo. Nesta mesma época começam a ser criados inúmeros subgêneros do Black Metal.
TERCEIRA ONDA DO BLACK METAL
Durante os últimos anos da década de 90, o Black Metal ganhou maior notoriedade nos media através de bandas como Dimmu Borgir e Cradle of Filth (fazendo está última um som muito distante do Black Metal, mas considerada como uma), que possuíam uma sonoridade menos ríspida para os padrões vigentes do Black Metal. Estas bandas logo começaram a ser rotuladas como bandas de Black Metal melódico ou Black Metal sinfónico, pelo uso intensivo de teclados e elementos de música clássica em suas músicas e começaram a tocar em grandes festivais europeus.
Com isso as bandas norueguesas de Black Metal que tocavam um som mais cru e agressivo também ganharam mais atenção da media, não mais por assassinatos e queima de igrejas, mas sim pela sua música.
HISTÓRIA E IDEOLOGIA DO BLACK METAL NORUEGUÊS
A mais proeminente figura da original cena da Noruega foi Øystein Aarseth, mais conhecido como Euronymous, o guitarrista da banda Mayhem. De muitas maneiras, ele foi o percursor da cena do Black Metal na Noruega.
A cena era profundamente anti-cristã, e procurava remover o cristianismo e outras religiões não-escandinavas da cultura norueguesa, bem como tudo o mais que afectasse as raízes da Noruega.
A maior parte deste movimento foi dirigida pelo "Inner Circle", um grupo formado por Aarseth e alguns outros amigos próximos, cuja sede ficava no sótão da loja de discos de Aarseth, chamada de "Helvete" (ou Inferno). Essa loja também servia de estúdio de gravações, e foi aí que foram gravados os discos dos Mayhem e de outras bandas de Black Metal que assinaram com o selo de Aarseth, chamado Deathlike Silence Productions. Ele só assinava contratos com bandas que, segundo suas próprias palavras, "encarnavam o mal em seu estado mais puro".
Durante esse tempo na Noruega diversas igrejas foram queimadas, e o círculo de Aarseth foi acusado desses atos. Negaram, reclamando que o seu objectivo era inspirar seus seguidores a perpetuar o orgulho escandinavo e não deixar que suas origens fossem esquecidas.
A mais famosa das igrejas queimadas foi a de "Fantoft Stave", queimada por um membro do "Inner Circle" com ajuda de Kristian "Varg" Vikernes (também conhecido como Count Grishnackh) da banda Burzum. Os entusiastas do Black Metal também começaram a aterrorizar outras bandas de Death Metal que tocavam no país e nos países vizinhos.
O Black Metal ganhou uma grande repercussão nos média quando o vocalista da banda Mayhem, Per Yngve Ohlin, que adoptava o pseudônimo "Dead", cometeu suícidio em Abril de 1991 com um tiro de espingarda na cabeça, depois de ter cortado os pulsos e garganta.
Devido ao seu grande senso de humor mórbido, deixou escrito: "Desculpem todo o sangue". Seu corpo foi descoberto por Aarseth, que em vez de chamar a polícia, foi a correr para a loja mais próxima comprar uma câmera e tirou fotografias do cadáver. Uma dessas fotografias serviu de capa para o álbum Dawn of the Black Hearts, dos Mayhem. Boatos dizem que Euronymous fez colares dos fragmentos do crânio de Ohlin e que ingeriu pedaços de seu cérebro.
O "Inner Circle" foi mais exposto nos média quando, em 1993, Vikernes assassinou Aarseth em sua casa, esfaqueando-o 23 vezes na cabeça e nas costas. Vikernes foi sentenciado a 21 anos de prisão e desde então distanciou-se do Black Metal, envolvendo-se com neo-nazismo e escrevendo extensos artigos sobre o tema. Varg Virkenes, em seus artigos recentes, deixa claro que a música do Burzum (sua banda) apesar de ser enquadrada no estilo, não é Black Metal e não tem nenhuma ligação com o satanismo.